Não teve jeito. A primeira mostra individual de Maria Luisa Mendonça, “Eu me registrarei sob um nome falso”, veio também em forma de teatro. Em meio a suas telas pintadas – parte com os próprios pés – e uma instalação feita com formas de sapatos no Centro Cultural Cândido Mendes, em Ipanema, na noite dessa quarta-feira, a atriz-pintora fez uma performance com texto do dramaturgo Tennesse Williams, o “Fala comigo doce como a chuva”. Com tintas vermelhas nos pés, que estava encapado com fitas plásticas, ela andou pelo salão coberto com papel enquanto interpretava a cena. “A tela vira palco, o palco vira tela. É uma conversa com impregnação de tinta, mas é uma conversa que não está negando meu lado atriz, isso que eu acho muito sincero”, disse ela ao Glamurama. Entre os convidados, Patrícia Pillar, Fernanda Montenegro, Mariana Lima e Eduardo Moscovis.
Por Denise Meira do Amaral
Glamurama: Como você começou a se interessar pelas artes plásticas?
Maria Luisa Mendonça: “Minha mãe me levou ainda muito nova para estudar artes no Parque Lage e foi me dando materiais para eu trabalhar. O que eu também fiz com a minha filha, que hoje estuda artes plásticas na FAAP, em São Paulo. Estudei oito anos no Parque Lage e depois mais cinco ano com a Iole de Freitas. Ao mesmo tempo, lembro também de quando minha mãe me deu uma casa de marionetes, e acho que essa performance de hoje tem muito a ver com o teatro de marionetes. Foi uma conversa.”
Glamurama: Após tantos anos de trabalho, como é abrir sua primeira individual?
Maria Luisa Mendonça: “Acho que quando você entra em outra seara, tem que chegar devagar. Criei um trajeto que é cênico dentro das artes plásticas. A tela vira palco, o palco vira tela. É uma conversa com impregnação de tinta, mas é uma conversa que não está negando meu lado atriz, isso que eu acho muito sincero. É uma pintura de ação, do expressionismo abstrato. Hoje foi a primeira vez que eu vivi uma experiencia de performance dentro da galeria. É também se preparar e aceitar o acaso: que tem um bebê chorando, que tem ruídos, que as pessoas estão vivas. Tem uma pulsação.”
Glamurama: Como é seu método de pintura com os pés?
Maria Luisa Mendonça: “Comecei pisando na tinta mesmo, depois tive que criar um método porque senão ia morrer intoxicada, porque a tinta é muito tóxica. Tem pintores do passado que morreram assim. Aí veio a ideia desse filme plástico enrolado aos pés, e eu venho com uma meia por cima para poder ter impregnação.”
Glamurama: Onde fica seu ateliê?
Maria Luisa Mendonça: “Na Urca. Agora também estou morando nele, na parte de cima. Meu ateliê é maior que a minha casa [risos], porque trabalho com madeira e tenho esculturas também.”
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