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Maitê Proença
Foto: Juliana Rezende

 “Mais do que ser uma mulher vítima ou privilegiada, jovem ou velha, branca, hétero, atriz ou viajante, meu dharma é acender a pequena lanterna que recebi e mostrar o que eu vejo”. A frase está no monólogo “O Pior de Mim”, escrito e encenado por Maitê Proença. O espetáculo é carregado de traços autobiográficos, mas é neste trecho específico que a atriz revela muito de quem é hoje, aos 64 anos.

Maitê nem sempre vê o que os outros estão vendo. E num tempo tão polarizado quanto o atual, no qual uma opinião define de que lado se está, a atriz é fiel ao que sua lanterna mostra, sem medo de ser exaltada ou cancelada.

Assim é, por exemplo, quando fala sobre o namoro com a cantora Adriana Calcanhotto.

“Queria que a Adriana fosse homem. Mas ela é uma mulher, gosto dela e aceito isso. Sei que feministas e LGBTs não vão gostar do que acabei de dizer. Mas, honestamente, é assim, entendeu?”

A atriz prossegue. “Mas, honestamente, é assim, entendeu? Posso experimentar algo diferente para estar com ela.”

Outro momento em que Maitê não fez questão do aplauso da maioria envolveu a colega Regina Duarte. Ao declarar apoio ao atual governo, em 2020, Regina foi atacada pela classe artística, incrédula ao ver a atriz em trincheiras bolsonaristas. “Fui muito criticada por defender a Regina naquela ocasião. Continuo sem entendê-la, porque esse governo se mostrou tão equivocado, tão contrário à nossa classe… Mas não vou patrulhar uma colega que convivi por 30 anos e sei que não é uma pessoa perversa”, explica. “Achei horrível fazerem isso, sabe? O pensamento da Regina sempre foi diferente do meu, mas ela está intitulada a pensar o que bem entender.”

“Fui muito criticada por defender a Regina Duarte. Continuo sem entendê-la, porque esse governo se mostrou tão equivocado… Mas não vou patrulhar uma colega que convivi por 30 anos e sei que não é uma pessoa perversa. Achei horrível fazerem isso” 

Na política Maitê defende também que só o diálogo será capaz de derrubar o “muro invisível” que dividiu no Brasil e tornou as pessoas “raivosas”. Há quem possa confundir o tom apaziguador da atriz com isenção ou que talvez esteja em cima do tal muro invisível. Mas ela não é mulher de deixar fios soltos. “Esse homem que foi colocado na cabeça do país gosta de discórdia, de criar problemas. A gente vê que é desse jeito que ele trabalha”, aponta. “Com raiva, a gente vai alimentar a raiva. E a gente sabe de onde veio essa raiva, né? Eles gostam de armas, eles gostam da animosidade.”

Maitê Proença
Foto: Juliana Rezende

O melhor de Maitê

Os anos pandêmicos foram duros, mas não pararam a atriz. Uma de suas lutas é contra a TV Globo e acontece em ringue judicial. Maitê cobra que a emissora reconheça seus direitos trabalhistas após demiti-la, em 2016. “Qualquer empresa tem o direito de mandar embora quem quiser. Mas precisa pagar os devidos valores”, defende. “No meu caso, são 37 anos sendo empregada ali, praticamente inaugurei a TV Globo junto com os precursores.”

Inquieta, Maitê foi em busca de novas plataformas e se reinventou. Criou o Canal da Maitê no YouTube, em 2019, onde fala sobre autocuidado e compartilha suas vivências com mais de 300 mil inscritos. A experiência foi base para um projeto corajoso: no período de isolamento social escreveu e protagonizou on-line, na sala de sua casa, a peça “O Pior de Mim”. Em agosto, o espetáculo deve ganhar nova temporada paulistana – presencial.

A entrevista completa com Maitê Proença você lê na nova edição da revista J.P, que já está nas bancas

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