Maitê Proença está de livro novo, o “Todo Vícios”, e nova editora, a Record, que vai republicar toda a sua obra e com a inclusão de novas crônicas ao “Entre Ossos e a Escrita”, além de edições deluxe com fotos de suas peças “As Meninas” e “À Beira do Abismo me Cresceram Asas”. Depois do Rio, Maitê vem a São Paulo lançar o “Todo Vícios” nesta quinta na Livraria Cultura do Conjunto Nacional.
Só ao Glamurama ela conta que vai receber os convidados com massagens nos pés em banquinhos enquanto eles esperam na fila. O novo romance conta a história de Stella, atriz e artista plástica feliz na solteirice, que conhece João, publicitário viciado em remédios. Na narrativa, Maitê usa e abusa das mensagens no celular entre o casal e avisa: “É um grande desencontro”.
Glamurama: Como foi começar a escrever “Todo Vícios”?
Maitê Proença: Fiquei em turnê por dois anos com a minha peça “À Beira do Abismo me Cresceram Asas”, que conta a história de duas velhas, um universo muito distante de mim, de uma vida simples, rural, de uma mulher que vai ficando sábia. Depois disso, quis ir para uma realidade mais contemporânea, mais urbana. É uma história de amor que, na verdade, é um grande desencontro, a história mais antiga do mundo. São dois narradores que na verdade são três, porque a personagem Stella passeia entre a terceira para a primeira pessoa e depois entra o João como narrador da história. Na hora pensei: ‘Será que posso fazer isso’, mas o livro é meu, posso fazer o que quiser. E tem também as formas digitais, a comunicação por SMS do casal. Se já era complicado quando a gente olhava no olho um do outro, agora, que são só as palavras… imagina como as pessoas não vão se entender. No livro eles têm a ilusão de que se conhecem, mas na verdade não: quando vão para a cama, são estranhos. A internet é sedutora não pela facilidade de fazer amigos, mas de desfazer amigos. Antes era difícil terminar uma relação, hoje é simples: você deleta a pessoa. Para quem não tem a coragem necessária simplificou, mas cadê a vida?
Glamurama: Existem alguns autores que foram referências suas para a escrita do livro?
Maitê Proença: Leio muito e tenho o hábito de ler várias coisas ao mesmo tempo. Enquanto escrevia o livro, eu estava lendo Virginia Woolf e Alice Munro [canadense prêmio Nobel de literatura]. São escritas completamente diferentes. Enquanto uma [Woolf] tem frases longas, grandes descrições e uma escrita sofisticada, a outra [Munro] tem uma forma muito simples de falar. Elas são tão boas que uma hora tive que parar de ler as duas para poder escrever o meu livro.
Glamurama: Você é uma pessoa tecnológica?
Maitê Proença: Não, não sou, gostaria de não viver nesta época, pelo menos é o que imagino, porque não lembro mais de como é viver sem a internet, como não me lembro de como era não ter filho. A internet entrou na vida da gente como entra um filho, uma aguaceira; muda tudo. Essa coisa me aflige, eu resisto muito, tenho Instagram porque na época que apareceu me falaram para eu criar o meu, por causa dos perfis falsos, mas agora só vou lá de 20 em 20 dias. Tenho uma fan page, mas não tenho perfil no Facebook, não sei o que acontece na vida dos outros, não me interessa.
Glamurama: Já teve ou tem vícios?
Maitê Proença: Tenho alguns condicionamentos de comportamento, mas não fumo, não bebo, não faço nada, não tenho compulsões. Não gosto de nada que me escraviza.
Glamurama: A sua fase de solteira agora é parecida com a da Stella antes de conhecer o João?
Maitê Proença: Gosto das coisas que eu faço, do meu país, de viajar com a peça, gosto de gente, da natureza, amo o mar, a montanha. Acho que os relacionamentos emburrecem, pode ser uma delícia, mas quando a gente percebe que não está delicioso, a gente insiste. Estou com muita coisa para fazer. Se eu estivesse apaixonada não daria para fazer tudo.
Glamurama: E quais são essas coisas que tem para fazer?
Maitê Proença: Tenho um programa na rádio de dicas culturais (na SulAmerica Paradiso), gravo todo domingo o “Extraordinários” (programa no canal SportTV), às segundas e sábados tenho a peça “À Beira do Abismo me Cresceram Asas”, no Theatro Net Rio, além de estar revisando o “Todo Vícios”, que terá uma segunda edição antes do Natal [já foram 15 mil cópias]. Isso fora a vida que não para, toda a divulgação. Também estou planejando uma viagem de duas semanas à Ásia com a minha filha (Maria Marinho, de 24 anos) e na volta entro na novela “Alto Astral”, na TV Globo [Maitê será Kiki, a irmã de Claudia Raia milionária que sempre casou com homens ricos e vive fora do país. Na trama, ela volta falida, fingindo que ainda é rica].
Glamurama: Qual o segredo para você se manter tão jovem e bonita com uma vida tão atribulada?
Maitê Proença: Eu não sei, acho que é o entusiasmo. Fora que me alimento bem desde sempre, sou atenta à nutrição desde os meus 15 anos. Coloco óleos naturais que trago da Índia em todos os cremes que uso. Os cosméticos podem fazer bem para a pele, mas são produtos tóxicos, atacam os rins, o fígado, os indianos dizem que a gente deve passar na pele o que podemos comer. Também a água que tomo banho na minha casa é filtrada. Dizem que o que envelhece as pessoas é o ódio e a mágoa.
Por Verrô Campos
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