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Luiza Lemmertz
Luiza Lemmertz // Crédito: Paulo Freitas

A semelhança física impressiona, mas Luiza Lemmertz não teme as comparações com a mãe, Júlia Lemmertz. “A gente troca muito na vida, sempre. Somos extremamente amigas e amamos conversar sobre nossa profissão e sobre tudo. Não tenho porque ter medo ou querer negar. Tenho o maior orgulho”, fala Luiza, dona de um rosto exótico, um pouco andrógino, herdado da mãe e da avó Lilian Lemmertz, assim como o talento em cena. Aos 30 anos, acaba de estrear a quarta peça de seu currículo no Rio de Janeiro, “Grande Sertão: Veredas”, com direção de Bia Lessa – antes passou por temporada em São Paulo -, fez seu primeiro filme “A Casa do Girassol Vermelho” – rodado em 2017 e com estreia prevista para este ano – e tem desejo de experimentar a televisão. “É um modo de fazer, atuar, de produzir diferente, tem um alcance imenso e a possibilidade de falar coisas importantes pra muita gente”, reflete ela, que vem de uma escola muito teatral, passando por Zé Celso Correa, Antunes Filho e, agora, Bia Lessa.

Luiza em cena de “Grande Sertão: Veredas” // Divulgação

“Grande Sertão: Veredas”, de Guimarães Rosa, em que Luiza interpreta Diadorim, exigiu total dedicação, e ela precisou contar com o apoio da mãe e do marido, o músico Cairê Rego, nos cuidados com seu bebê, Martin, de um ano e dois meses. “É bem difícil (conciliar), mas tenho uma família e um marido que me ajudam muito, entendem, e acho que só assim é possível. Sem estrutura não dá, porque fiquei imersa durante os ensaios”, conta Luiza. Confira o que mais a a atriz falou para o Glamurama!

Glamurama: Como é participar desse espetáculo?
Luiza: Pra mim é uma benção. É um espetáculo muito diferente de todas as coisas que eu já fiz e vi. Fazê-lo requer uma potência, uma força, que só aprendi fazendo, antes não sabia. Acho que o Guimarães tem algo absurdamente especial nesse texto, nesse livro.

G: Vocês do elenco parecem sair exaustos da peça, pois é uma entrega…
L: É… Uma entrega que vai além… Mas só dá pra fazer indo nesse “lugar”, não tem como ser menos. O espetáculo é quase uma coreografia onde nossos corpos se transmutam em bichos, plantas e humanos o tempo todo.  Exige que os atores sejam um pouco atletas.

G: Já tinha lido o livro antes?
L: Tinha lido, mas não estava muito preparada. Quando passei por ele, era muito nova e reli pra fazer o projeto. A história entrou em mim e me arrebatou completamente. Fiquei tomada por ele e ainda reverbera em mim todos os dias. Sei que vai ficar pra minha vida…

G: Você tem um filho pequeno…
L: Tenho, de um ano e dois meses.

G: Como consegue conciliar a vida de mãe de bebê com a peça?
L: É bem difícil, mas tenho uma família e um marido que me ajudam muito… Acho que só assim é possível. Sem estrutura não dá, porque no período de ensaios fiquei imersa. Entrei no fim do projeto, não participei de todo o processo e tive que abdicar da minha vida inteira, de cuidar de tudo, mas eles seguraram a onda.

G: Você pede dicas pra sua mãe quando vai fazer um trabalho?
L: A gente troca muito na vida, sempre. Somos extremamente amigas e amamos conversar sobre nossa profissão e sobre tudo. Mas nessa peça não. Ela assistiu a um ensaio geral, quando fomos estrear em São Paulo, e achei engraçado porque ela falou pro meu marido “Cairê está tudo bem com a Luiza, agora eu entendi o que está acontecendo”. Todo mundo achou que eu estava maluca (risos), porque estava fora da vida. Mas aí ela me disse “que lindo, vai fundo”, e me deu o maior apoio.

G: Você já fez cinema, teatro, tem desejo de fazer televisão?
L: O ator tem esses três lugares que são bem diferentes entre si e acho que a TV é uma linguagem que, como nunca explorei, tenho curiosidade de fazer. É um modo de atuar, de produzir diferente, tem um alcance imenso e a possibilidade de falar coisas importantes pra muita gente. Com as séries, a TV está se modificando, a linguagem, a fotografia, acho interessante e dá vontade de fazer, sim.

G: Tem medo de comparações com a sua mãe?
L: Não. Isso pra mim é bobagem porque sempre penso em família de circo, sabe? É isso, os filhos vão seguindo os pais e aprendem não só com os pais mas com todos. Não tenho porque ter medo ou querer negar. Tenho o maior orgulho. Até tive um momento em que achei que não era isso, fui fazer outras coisas, fiz faculdade de desenho industrial, mas fui pega e não consegui fugir. (por Gisele Cassus)

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