A cardiologista e pesquisadora Ludhmila Hajjar relembrou, em live com Joyce Pascowitch nesta segunda (21), o convite que recebeu do presidente Jair Bolsonaro para ser ministra da Saúde no lugar do general Eduardo Pazuello em meio à crise da Covid-19, há um ano.
“Recebi o telefonema de forma muito súbita. Fui de cabeça aberta para uma conversa e foi muito ruim. Felizmente teve essa conversa porque, se não tivesse tido, eu teria aceitado e seria um desastre. Eu não conseguiria fazer nada daquilo que eu acredito”, contou a médica.
Hajjar disse ter recebido o telefonema do presidente num sábado e, no dia seguinte, foi levada a Brasília num avião da FAB. No Palácio do Planalto, ela contou ter sido recebida pelo presidente, que estava acompanhado de Pazuello e do filho, o deputado Eduardo Bolsonaro. Ali, eu já imaginei: “Não tem como”.
“Resumindo, que essa história é chata, ficou no passado e nem vale a pena: a conversa foi horrível. Naquela ocasião, eles não acreditavam na pandemia, odiavam isolamento, defendiam a cloroquina. Eu queria falar de anticorpo monoclonal, de remdesivir, de vacina… Falei cinco minutos e acho que ouvi 3 horas das coisas mais malucas que já ouvi na minha vida e tive a certeza que não tinha a menor condição nem de ele me aceitar ali, nem de eu aceitar. Então de comum acordo [dissemos]:’Não dá certo, muito obrigada’ e voltei para minha vida.”
Hajjar, que também é médica intensivista e professora da Faculdade de Medicina da USP, disse ser muito questionada ainda hoje se aceitaria ser ministra. “Hoje, nem pensar. Se aceitaria amanhã, não sei”.
“Acho que posso ajudar de outras maneiras: influenciando nos bastidores, trabalhando em grandes universidades para que elas tenham o protagonismo necessário porque não vou querer deixar de ser médica”, disse.
Confira a íntegra da conversa com Ludhmila Hajjar no vídeo abaixo:
- Neste artigo:
- covid-19,
- Ludhmila Abrahão Hajjar,
- ministério da Saúde,