José Mayer foi acusado de assédio sexual – que teria ocorrido em várias ocasiões – por Susllem Tonani, figurinista de “A Lei do Amor”, dentro dos estúdios da Globo, nos bastidores da novela. O relato – que incluía mão esquerda na genitália na presença de outras pessoas – foi publicado em um blog da Folha, depois tirado do ar. Após ter a versão do ator, negando a acusação, o jornal publicou reportagem sobre o caso. Leticia Sabatella foi a primeira “pessoa pública” a se posicionar. Ela comentou o assunto nas redes sociais com um “José Mayer não se emenda”, depois apagou o post. O tema é, sim, espinhoso, mas deu origem a um movimento #mexeucomumamexeucomtodas no Instagram de várias funcionárias da emissora. Sophie Charlotte, Camila Pitanga, Taís Araujo, Cleo Pires, Bruna Marquezine, Drica Moraes, Fernanda Lima, Leandra Leal, Grazi Massafera, Tainá Müller, Alice Wegmann e a própria Letícia aderiram, para citar só algumas.
Nesta terça-feira, Letícia falou sobre o assunto em entrevista ao Glamurama. Disse tudo de um fôlego só. Aqui embaixo, a declaração na íntegra:
“Tudo isso faz parte da cultura do machismo. Pessoas que são bons pais, bons maridos e eventualmente bons colegas podem cair nessa esparrela. Ele não é um monstro, existe uma cultura que incentiva para que isso aconteça. Não é para linchar, mas para alertar para que essa pessoa saia dessa lógica de supremacia, de superioridade que acha que pode exercer sobre a mulher, ainda mais uma hierarquicamente menor na empresa. Não é para ser estigmatizante, mas um alerta sobre essas diferenças de gênero, mas com direitos iguais, desejos similares. Essa iniciativa nossa de nos unirmos é muito doce, bonita. Que seja com amor essa transformação porque são nossos pais e irmãos. E que eles lembrem que acontece com as filhas deles, as irmãs, as esposas. Temos o mesmo direito à liberdade criativa que os homens, mas quando você tem medo de agir espontaneamente é muito ruim, você não trabalha tão bem. Então é um caminho da resistência, de se colocar lucidez sobre isso. Se mexe com uma, realmente mexe com todas mesmo. Não estamos mais suportando isso. Temos que provar dez vezes mais que somos capazes e isso é cansativo, não é justo e beira opressões do passado – que ainda acontecem. A resistência de uma mulher em um ambiente restrito é a resistência de todas em ambiente coletivo. Não quero a propagação do ódio e um bode expiatório, não quero a morte pública de ninguém, mas desculpas são bem vindas. É um alerta necessário. Não foi em vão”. (por Michelle Licory)
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