Nascida e criada em São Paulo, Joice Berth, 45 anos, formou-se em Arquitetura. Com pós-graduação em Direito Urbanístico, ela tem como campo de pesquisa o direito à cidade com recorte de gênero e raça. No entanto, a nova colunista do GLMRM não se limita a falar sobre um único assunto. A prova disso? Ela é autora do livro “O que é Empoderamento?”, terceiro da coleção Feminismos Plurais, organizada por Djamila Ribeiro. O livro traz reflexões sobre o conceito de empoderamento a partir da perspectiva feminista interseccional (sobreposição ou intersecção de identidades sociais e sistemas relacionados de opressão, dominação ou discriminação) evidenciando as concepções de Angela Davis, Bell Hooks, Patricia Hill Collins e Paulo Freire, que compreendem o empoderamento também como caráter coletivo.
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A escritora promete debater os mais diversos assuntos em sua coluna quinzenal. “Gosto de falar de música de brasileira, rock, rap e jazz, arte, cinema, teatro, comportamento, gastronomia, viagem, saúde mental e política, mas até certo ponto porque hoje em dia está complicado, mas é interessante debater como observamos o mundo politicamente falando até como projeto social”, revela.
Como retomar a comunicação não violenta?
Sobre inserir o diálogo em seus textos, a paulistana entrega que mudou o modo de debater temas importantes. “Houve um tempo em que radicalizava discursos na abordagem. Para falar sobre feminismo hoje em dia em um programa no horário nobre, por exemplo, é porque passamos por uma fase de “meter o pé na porta”. Depois disso, veio a provocação de todos esses diálogos e atualmente acredito ser mais proveitoso retomar a comunicação não violenta”, comenta.
Joice afirma que possui uma maneira particular para os debates serem produtivos. “A palavra de ordem para uma boa conversa é a familiaridade. Basta criar essa proximidade com o interlocutor para ele entender que você não é inimigo e que determinados pontos de vista não são uma questão de opinião. Nisso, a pessoa se sente segura por saber que não vai ser atacada e não vai julgar de maneira drástica”, diz.
“A melhor forma de entrar (no debate) é comer pelas beiradas. Com uma pessoa desconhecida, por exemplo, quando falo de questões raciais ou de gênero vou cercando até achar um gancho em que posso dizer: ‘isso é feminismo'”
Joice Berth
Sobre a coluna no GLMRM, em que no texto de estreia ela aborda o que é possível aprender com as experiências do luto coletivo, Joice confessa que a pandemia mudou o modo como se relaciona com a escrita e que isso ficará visível aos internautas. “O isolamento resgatou meu lado espiritualista. Com isso, consegui ficar mais amorosa na abordagem dos assuntos e temas a serem discutidos. Esse período me ajudou a expressar melhor meus sentimentos”.
“Conheci muito a meu respeito me comunicando através da palavra. Quando falo parece que não digo tudo, mas quando escrevo capto todas as minhas ideias.”
Joice Berth
Uma mulher corajosa, mas nem tanto…
“Costumam achar que sou corajosa pela desenvoltura com que escrevo sobre situações que muitas vezes as pessoas não querem comentar. Isso dá a impressão de que sou corajosa, e não sou tanto assim. Tenho medo de escuro, altura, levar um “fora” na balada… Se tiver que chegar em um cara não vou conseguir (risos), a não ser que já tenha uma proximidade com ele”, brinca Joice, que elege a Pinacoteca, MASP e Horto Florestal como seus lugares favoritos em São Paulo.
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