Dois acontecimentos recentes do universo da fama têm sido citados com frequência por especialistas em showbiz para provar aquilo que muitos deles já consideravam há tempos ser inevitável: a era das celebridades como a conhecíamos acabou.
E as evidências disso, segundo a turma de experts, seriam o polêmico julgamento transmitido pela televisão no qual Johnny Depp acusa a ex-mulher, Amber Heard, de difamação, e também o ataque de fúria que Will Smith teve na última cerimônia do Oscar, quando chocou o mundo ao subir ao palco da premiação só para dar uma bofetada em seu apresentador, o comediante Chris Rock.
Em ambos os casos, argumentam os tais especialistas, tanto Depp quanto Smith mostraram o pior de seu “lado humano”, um pecado mortal para quem trabalha, literalmente, vivendo de aparências. Depp, por exemplo, foi ao fundo do poço na semana passada, quando um vídeo caseiro de poucos minutos seu gravado por Heard o mostra proferindo todos os xingamentos possíveis e quebrando gavetas da cozinha do château de West Hollywood, na Califórnia, que dividiu com a atriz de quem foi marido entre 2015 e 2017.
Em nenhum momento do vídeo, Depp aparece perto dela ou dando indícios de que a agrediria, como o próprio ator de 58 anos explicou em juízo. “Eu quebrei algumas gavetas, mas não encostei nela [Heard], e daí?”, declarou aquele que transformou o título de “bad boy” em algo charmoso, mas até então jamais tinha sido visto fora de controle em um momento de vida real.
Dizer que o galã da telona de quase 60 anos acabou com sua carreira ao ser visto sem brilho pela primeira vez pode ser algo precipitado. Mas que daqui pra frente os convites para trabalhos enviados aos agentes dele diminuirão consideravelmente, não há dúvidas.
E o mesmo se aplica a Smith, de 53 anos, que é creditado por ter construído uma das carreiras mais bem estruturadas do cinema. Craque na arte de atuar, e sempre se mostrando como um bom moço quando não estava em cena, o eterno protagonista de “Um Maluco no Pedaço” perdeu a cabeça justo na pior ocasião possível: diante de uma audência de centenas de milhões de pessoas ao redor do mundo e na mesma noite em que levou pra casa a estaueta de Melhor Ator por “King Richard: Criando Campeãs”.
Houve uma época em que as estrelas e astros hollywoodianos controlavam com mão de ferro suas imagens, na tentativa de esconder quaisquer imperfeições que causassem em seus fãs a impressão de “são gente como a gente”. Época em que, aliás, a poderosa Pat Kingsley, a mais famosa (e temida) profissional de relações-públicas dos Estados Unidos, reinava soberana em Hollywood, com uma lista de clientes que incluía de Julia Roberts a Tom Cruise – e de quem puxava a orelha sem o menor pudor sempre que os via se portando publicamente como são.
Celebs que se mostram demasiadamente humanas acabam por quebrar o encanto que o reconhecimento em massa lhes deu, algo extremamente difícil de ser “consertado”.
O futuro profissional de Depp e Smith é um mistério, e em ambos os casos já foi declarado como inexistente. Isso porque o resto de nós sempre olhou para profissionais de renome mundial como a dupla de astros como marcas, talvez até mesmo produtos, que devolveríamos imediatamente caso notássemos algum defeito.
E embora ver essas pessoas pisando na bola também nos desperte um certo “schadenfreude”, a palavra que só existe em alemão e que basicamente se traduz como “alegria com o infortúnio alheio”, constatar que nossos ídolos também erram os torna menos admiráveis, interessantes e dignos de nossa atenção.
Esses são atributos que podem levar anos para serem conquistados, e minutos para serem perdidos. Razão pela qual, inclusive, Kingsley jamais permitiu que seus clientes se portassem como são em público, como a essa altura Depp e Smith devem saber bem.
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