Em papo direto e reto com Joyce Pacowitch, o fotógrafo, jornalista e cineasta João Wainer falou sobre as periferias de São Paulo, família e as fases de sua carreira. Neto dos jornalistas Samuel Wainer, que fundou o jornal Última Hora, e Danuza Leão, que também é escritora, João se prepara para o lançamento do seu primeiro longa de ficção “4X4”, estrelado pelo ator Chay Suede. Aos highlights da conversa!
FAMÍLIA
“Meu avô falava que a gente tem que andar atento à aparição do imprevisto e acho que o jornalismo é sobre isso. Temos que estar ligados porque as coisas mudam o tempo todo, esse é um conceito que levo pra vida. É preciso ter jogo de cintura para mudar de direção quando a vida pede, se não você dança. Tudo é instável e isso faz parte do jogo, por isso é importante se sentir confortável com a mudança. Talvez esse seja o grande segredo dos dias de hoje”.
FICÇÃO
“Comecei na fotografia aos 16 e fiz isso por uns 10 anos, mas chegou uma hora que começou a ficar muito automático. Perdi o frio na barriga. Depois fui trabalhar com vídeo, fazendo documentários, e o frio na barriga voltou. Foi muito legal! Era uma área nova para começar do zero, errar de novo, dar cabeçada e acertar. Passaram-se 10 anos e agora estou migrando para a ficção. Acho que esse é o segredo: a cada década eu dou uma virada para poder sentir esse frio na barriga de novo. Mas esse trajeto todo agregou muito. Hoje, sinto que quando vou filmar uma ficção tenho bagagem da vida real que o jornalismo me trouxe e que considero muito importante para o tipo de cinema que quero fazer. Acontece que não é da foto ou do vídeo que eu gosto. Minha paixão, meu tesão, são as histórias, independente do formato. Essa primeira ficção foi um grande exercício para as próximas que quero fazer.”
QUEBRADAS
“Meu interesse pela vida na periferia foi muito natural. Tão natural que não sei dizer de onde veio. Era lá pelo início dos anos 90, eu tinha uns 14 anos e descobri que existia uma cidade inteira que eu não conhecia. Fiquei absolutamente louco! As pessoas dizem que conhecem São Paulo, mas não conhecem. Não consigo explicar por que, mas fui atraído pela quebrada de uma maneira completamente sem volta. Percebi que lá tinha muito mais verdade do que no mundo dos ricos. As pessoas se ajudam mais, têm mais carinho umas pelas outras. Naquela época, a Zona Sul de São Paulo era considerada pela ONU um dos lugares mais violentos do mundo. Por conta do meu trabalho no jornal tive um contato muito forte com a violência, fotografando cadáveres e pegando pautas que ninguém queria pegar. Aquilo me despertou uma ira, não suportava a injustiça que via ali”.
Para conferir o papo na íntegra, dá o play!
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