João Emanuel Carneiro adora uma reviravolta em suas novelas. “Gosto de quebrar meu próprio brinquedo e depois remonta-lo”. E dá trabalho. “Escrevo 12 horas por dia de domingo a domingo. É um trabalho de renúncia da vida pessoal”, garante. Humilde, apesar da jornada árdua, ele faz questão de deixar o elenco à vontade para fazer mudanças no texto – quem nos contou isso, impressionado, foi Chay Suede, no início de “Segundo Sol”. Comentamos com João. Ele? “É que é muito texto, como se fosse uma Enciclopédia Britânica inteira distribuída para os atores. Naturalmente, se a pessoa ensaia e vê que cabe melhor na sua boca falar de um outro jeito, é melhor que fale do seu jeito. Não tenho ciúme do texto. Novela é um ‘work in progress'”.
E de onde vem tanta inspiração? “Vem da vida mesmo, dos livros que a gente leu. Não existe fórmula do sucesso… Mesmo! Cada novela é como se fosse a primeira. Nada é nada garantido. Que trunfos eu busco ter? Ah, se você pensa em fazer sucesso só pelo sucesso, não consegue contar uma história. Tem que fazer algo que você queira falar, que você goste”. João também explica por que seus vilões são tão importantes dentro da trama. “Em todo folhetim, o vilão é um coautor, escreve junto com a gente. O autor está na figura do vilão porque é esse personagem que propõe a ação, o tempo todo. Faz a história ir adiante, acontecer”.
Na coletiva de lançamento de “Segundo Sol”, o autor confessou seu medo de ser chato… “Ah é sempre meu maior medo: ser chato”, confirmou pra gente. Perguntamos, então, se “A Regra do Jogo” – novela que não correspondeu tanto às expectativas da crítica e do público – foi chata. “Não acho, não. O medo de ser chato, na ficção, me acompanha desde sempre. Mas eu gosto de ‘A Regra do Jogo’, apesar de não ter sido tão popular, não ter feito tanto sucesso. Mas foi interessante, chata não”. (por Michelle Licory)