As Muitas Isis
Hiperativa, impulsiva, divertida, criativa… É muito difícil definir nossa estrela do mês com uma palavra. Mas não dá para deixar linda de fora. Aos 30 anos, ela é um poço de energia e uma caixinha de surpresas
Por Thayana Nunes para a Revista J.P de Setembro || Fotos: Maurício Nahas
De pernas pro ar. É assim que Isis Valverde conta que foi seu último ano. É que, em setembro de 2016, ela começou a praticar ioga e, desde então, ficar de cabeça para baixo na sirsasana, postura das mais difíceis da ashtanga, virou quase rotina. Ela nunca havia praticado, era superadepta do pilates, mas começou por causa de seu papel na novela das 9, A Força do Querer. A técnica de respiração ensinada pela filosofia indiana ajuda a aumentar a capacidade do pulmão – tudo o que ela precisa para mergulhar até a sete metros de profundidade em um tanque para dar vida à espevitada Ritinha, isso com uma cauda de quase 30 quilos. Isis é assim: intensa em tudo o que faz. Ela até chegou a pesquisar sobre sereismo e hoje brinca que “não acredita nem desacredita”. “Se eu desacreditar, vou atrapalhar o processo da personagem e, se eu acreditar muito, vou me confundir com ela”, conta, enquanto é maquiada por Ton Reis para sua quarta capa da J.P.
HIPERATIVA X ESCRITORA
Em 2009, quando estreou por aqui, a gente já sabia que essa mineira ia dar o que falar. Foi muita dedicação, persistência e talento até chegar ao primeiro time da TV. E bota talento nisso! Afinal, quem não se lembra da periguete Suelen, da novela Avenida Brasil, ou da cantora de axé de O Canto da Sereia, série de José Luiz Villamarim, que marcou pela qualidade da produção? Em Amores Roubados, de 2014, mais um sucesso, ela arrasou como Antônia, mas viu seu nome cair na boca do povo por outro motivo: foi apontada como pivô do fim do casamento de Grazi Massafera e Cauã Reymond, com quem contracenou em cenas pra lá de calientes. Muito tempo se passou, ela falou sobre o assunto – sempre nas entrelinhas –, mas o papo continua tabu. Até porque seu empresário e fiel escudeiro, Marcio Damasceno, que cuida da imagem da atriz, fez questão de saber o teor da nossa entrevista. Tanto cuidado tem motivo: Isis é uma estrela.
E, na vida real, é hiperativa. Diagnosticada na infância, fala pelos cotovelos, gesticula, faz mil caras e bocas, levanta para contar uma história, mostra fotos no celular, dá palpite na maquiagem, examina o look que vai usar e faz poses para as lentes de Maurício Nahas. Ela ama uma câmera, diz que adora dar pinta de modelo. E conta que uma das grandes mudanças que sentiu ao fazer 30 anos, em fevereiro deste ano, foi no formato do rosto: “Está mais fino, né?”, diz, aprovando o resultado das fotos. Então, tá.
Virar balzaquiana, aliás, trouxe à tona um projeto antigo: Isis vai finalmente publicar seu livro, que reúne textos e poesias que escreve desde os 20 anos – alguns até viraram frases na internet, aquelas que circulam nas redes sociais. Diz que o trabalho é bem despretensioso e que não está “querendo mostrar nada para ninguém”. “Não é um livro para ser ‘a’ escritora”, entrega.
Difícil imaginar como ela, agitada do jeito que é, consegue momentos de introspecção para escrever. Resposta: as aulas de filosofia que faz há 12 anos a ajudam a construir suas personagens e a descobrir um pouco de si mesma. Ela diz amar Spinoza e Nietzsche, mas que carrega um ensinamento da mitologia grega para a vida: “Tem hora que dá aquela vontade de fazer ou de dizer alguma coisa, mas não é o momento oportuno, sabe? E a gente vai lá, faz e dá errado?”. A filosofia, para ela, ajuda a não agir “no automático”. “A não ser a famosa cabrita”, diz rindo, sobre atitudes impulsivas. “Cabrita é o bicho que não é racional. Na hora da raiva a cabrita vem que você nem vê e já dá cabeçada.” E finaliza: “Meu professor de filosofia diz que não tenho na vida a mesma maturidade dos meus textos. Sei que sou cheia de defeitos, como qualquer ser humano, aliás. Mas também sei o que sou e não tenho medo de dizer, entendeu?”
Confira mais do papo com Isis Valverde:
NOVELA
“A gente está passando por uma fase em que todo mundo enjoa muito fácil. Glória Perez foi muito feliz em ter essa ideia [uma novela com vários protagonistas]. Foi ousada, criativa e contemporânea. Ficou muito parecida com a série que é paixão mundial, ‘Game Of Thrones’, a única que me pegou. Eu grito, surto, tremo inteira, é ataque histérico, é a única paixão que eu tenho.”
PAPO SÉRIO
Sobre o quadro político em que o Brasil se encontra, ela lamenta a capacidade enorme que o País tem, mas que é desperdiçado. “Ninguém dá dinheiro para isso andar. A gente estagnou. É todo mundo pensando apenas no umbigo, no eu no eu no eu. A ponto de um país falir por causa do individualismo dos outros. As pessoas falam: artista não tá nem aí. Está sim. A gente também está sofrendo.”
MEDOS
“A morte é a única certeza que a gente tem na vida e que ninguém aceita. Acho saudável ter medo, se não a gente se atirava do primeiro parapeito depois de assistir Peter Pan. Meus 30 anos me trouxeram muito entendimento. Aprendi a dizer não, descobri que não vou agradar todo mundo mesmo querendo agradar.”
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