Isabela Capeto segue toda trabalhada na… resiliência. Desistiu da loja no Leblon e botou o pé na estrada – ou, se você quiser, no seu lar, doce lar, glamurette. “É que comecei a achar esse formato de loja uma coisa antiga. As clientes querem receber a coleção em casa. O mundo novo é assim… A gente manda peças para a cliente. Ninguém quer ir na loja. O Rio está difícil, o Brasil está difícil… Juntou a crise com essa mudança de comportamento de consumo mesmo. Pra completar, o meu seguro me pagou muito menos do que deveria depois do incêndio do ateliê [no bairro carioca Botafogo]. Fiquei muito descapitalizada, insistindo na loja… Pra quê? Bobagem… Sim, me reinvento sempre, é uma característica minha. Mas não dá pra ninguém ficar parado nos mesmos moldes de 15 anos atrás”, resume a estilista, em entrevista ao Glamurama.
“É mais barato e mais novo”
“Todo mundo está comprando mais pela internet, então quero fazer um site de vendas muito maneiro. A minha cliente também compra pelo Instagram. Ter um gasto e um ponto fixo no Leblon acabou que não compensou. E tenho esse estilo de vida livre, gosto de viajar, conhecer gente. Tenho amigos em todos os estados. Fazer vendas especiais pelo Brasil tem tudo a ver comigo, é mais barato e mais novo. Fiz isso em uma galeria de arte no Recife e agora, como os donos da Casa Europa são meus amigos, decidi fazer lá também uma venda especial para as clientes paulistas”, explica Isabela, que fica na cidade de quarta a sexta-feira desta semana [24 a 26/10].
“Dona do meu nariz”
“Não que esse formato não seja cansativo. É um trampo. Mas é algo diferente, que atinge mais gente. Posso, sim, montar uma pop up, algo temporário em São Paulo, que dure alguns meses ou até um ano, por exemplo. Desde que comprei de volta a minha marca e depois de tudo o que aconteceu [o incêndio], fiquei com mais liberdade, dona no meu nariz, e esse esquema mais solto tem tudo a ver com esse meu momento”.
“Não é uma coisa da moda, é uma coisa da roupa em si”
E mais: “Se eu quiser fazer uma coleção de camisolas, ou de bijoux… Se eu quiser fazer apenas uma coleção de roupas por ano e ir lançando novidades… Faço o que quiser. É uma nova forma de se vender, mais exclusiva”. Por que desistir nunca foi uma opção? “Gosto tanto… E sei fazer. Adoro minhas bordadeiras, que trabalham comigo há tantos anos… Penso o tempo inteiro nisso: quando viajo, vou a uma exposição, a um restaurante diferente. Reparo na cor do prato, da comida. Fico pensando nas cores. Tenho isso dentro de mim desde pequena. Não é uma coisa da moda, é uma coisa da roupa em si. Vibro vendo uma roupa linda. Não quero parar nunca. Não que não goste de outras coisas. Amo decoração e quero voltar a fazer uma linha de casa, por exemplo. Mas a roupa precisa estar sempre presente”.
E quem procura uma criação de Isabela Capeto… “Gosta de coisas diferentes e banca uma roupa que não passa despercebida. Quer o que é mais artesanal, trabalhado, exclusivo. Tenho cliente que quando vai viajar monta enxoval comigo para fazer sucesso lá fora, ao invés de usar o que todo mundo lá já conhece”.
“O glamour da moda não é verdade”
Que conselho dar para Francisca, filha da estilista, que estuda moda e vai encontrar um mercado cada vez mais difícil? “Não dou muito conselho pra ela. Ela vai vivendo tudo isso comigo. Agora o ateliê está na minha casa, então ela respira mais ainda esse dia a dia. Dorme e acorda e tem um bando de roupa pela casa. Ela vê que não é fácil e que o glamour da moda não é verdade. Você rala muito, corre muito atrás. Precisa estar sempre ligada, com o canal aberto para deixar vir a novidade. Ela vai aprendendo dia após dia”. (por Michelle Licory)
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