Há 24 anos, quando celebrou quatro décadas de reinado, Elizabeth II recorreu a uma expressão em latim para definir o ano marcado por escândalos envolvendo a família real, como o fim dos casamentos de três de seus quatro filhos, além do fatídico incêndio que destruiu a maior parte do Castelo de Windsor, sua residência favorita. Por esses e outros motivos, 1992 foi classificado por ela como um “annus horribilis”.
Já em junho deste ano, após a decisão dos britânicos de deixar a União Europeia, a rainha fez parte do coro daqueles que celebraram o divórcio polêmico e cheio de incertezas econômicas e que fez do Brexit, como a questão ficou conhecida, um dos piores acontecimentos de 2016 no mundo. Meses antes, ela havia se manifestado favoravelmente pelo rompimento. Nesse caso, o ano horrível era dos outros.
O fato é que o ano que está terminando não vai deixar saudades para muita gente, não somente no Brasil. No país, vimos pela segunda vez na história um presidente sofrer um impeachment — questões políticas à parte, trata-se de algo traumático em qualquer situação. Já nos Estados Unidos, Donald Trump, um bilionário falastrão sem experiência política, ascendeu ao mais alto cargo da nação apesar do discurso de ódio que adotou em sua campanha.
Mas nem tudo foi assim tão ruim. No cinema, Sonia Braga voltou a brilhar em um dos melhores papeis de sua carreira, em “Aquarius”. O filme de Kleber Mendonça Filho, eleito um dos melhores do ano por uma revista francesa, fez tanto sucesso quanto fez barulho e ainda pode ser indicado ao Oscar. E no quesito unificação, talvez um dos maiores desafios do momento, como não vibrar com as imagens de Barack Obama aterrissando em Cuba, na primeira viagem oficial de um presidente americano à ilha em 88 anos?
Glamurama selecionou esses e outros fatos de PODER que marcaram 2016 como um dos anos mais agitados dos últimos tempos. Confira:
Barack Obama vai pra Cuba (março)
Foi em um domingo chuvoso, no início de abril, que Barack Obama desembarcou em Cuba junto com a mulher, Michelle, e as filhas Malia e Sacha. Todos os passos da primeira família dos Estados Unidos na ilha, é claro, foram vigiados. Até mesmo o vestido branco de flores escolhido pela primeira-dama, da grife Carolina Herrera, deu o que falar, e esgotou nas lojas em questão de horas. De maneira geral, a viagem foi um sucesso.
Explode o escândalo Panama Papers (abril)
O maior vazamento de dados da história aconteceu neste ano. O escândalo Panama Papers, que estourou em abril, trouxe à tona dados financeiros sigilosos e, em alguns casos, ilegais de famosos e poderosos do Brasil e do mundo. A ironia é que boa parte das descobertas se devem aos excessos cometidos por alguns ricos no Instagram, como um americano cujo pedido de falência corre na justiça americana, para a qual declarou não possuir bens. Ele só esqueceu de avisar o filho, flagrado por investigadores no iate de US$ 17 milhões da família durante férias nas Bahamas.
Sergio Moro é incluído em lista dos mais influentes da ‘Time’
Presente no noticiário nacional dia sim e dia também, Sergio Moro rende assunto também fora do Brasil. Em abril ele foi escolhido pela revista americana “Time” como uma das 100 pessoas mais influentes do mundo, ao lado de chefes de estado como o ditador Kim Jong Un, da Coreia do Norte, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, da França, François Hollande, e da Argentina, Mauricio Macri. Moro foi o único brasileiro incluído no levantamento.
Elenco de Aquarius protesta em Cannes (maio)
Pela qualidade, “Aquarius” já foi um dos filmes mais aplaudidos do ano no Festival de Cannes, onde estreou, em maio. Mas o longa dirigido por Kléber Mendonça Filho e estrelado por Sônia Braga chamou atenção mesmo pelo protesto de seu elenco contra o impeachment de Dilma Rousseff, que exibiu faixas com dizeres como, “Pare o golpe no Brasil” e “Vamos resistir”. Além de Cannes, a produção participou ainda dos festivais de Biarritz, Nova York, Zurique, Londres, Viena e de vários outros eventos mundo afora.
Brexit (junho)
Embora a maioria das previsões indicassem o contrário, o dia 24 de junho entrou para a história como a data em que os britânicos escolheram deixar a União Europeia. No velho continente, a decisão gerou um sentimento de perplexidade, e o consenso entre os especialistas é que aquele que já está sendo chamado de “o divórcio mais problemático de todos os tempos” tende a ser mais prejudicial para os britânicos do que para os outros europeus. Feliz mesmo deve ter ficado a rainha Elizabeth II, que em março, em um raro momento de indiscrição, se mostrou favorável ao rompimento.
Dilma Rousseff é afastada da presidência (agosto)
Primeira mulher eleita presidente do Brasil, Dilma Rousseff se tornou a segunda mandatária do país a ser impedida de exercer o cargo, no fim de agosto, após ter seu pedido de impeachment aprovado pelo Senado. Além da repercussão nacional, o fato rendeu manchetes em todo o mundo e se tornou uma das maiores notícias do noticiário político internacional de 2016. Mesmo assim, Dilma foi eleita uma das mulheres do ano no início do mês pelo jornal inglês “Financial Times”, que a chamou de “tecnocrata nerd”. Na entrevista que concedeu para a publicação, a agora ex-presidente afirmou que não pretende se candidatar a nenhum cargo político no futuro, mas que continuará atuando politicamente.
Lula é denunciado pela primeira vez na Lava Jato (setembro)
Denunciado pela primeira vez no âmbito da Operação Lava Jato em setembro, um mês antes de completar 71 anos, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve integrar a turma dos que não terão boas memórias de 2016. Acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, ele se tornou réu junto com a mulher, a ex-primeira-dama Marisa Letícia Lula da Silva. No início do ano, em março, ele também viveu um de seus piores pesadelos ao ser conduzido coercitivamente para depor na 24a. fase da Lava Jato, conhecida como Operação Alethéia. Sobre os crimes que lhe imputam, Lula garante que é tudo “uma grande mentira”.
Bob Dylan vence o Nobel de Literatura (outubro)
Outra notícia que pegou todo mundo de surpresa foi o anúncio, em outubro, de que Bob Dylan venceu o prêmio Nobel de Literatura. A Academia Sueca, responsável pela escolha, raramente concede a honraria a famosos. De acordo com a entidade, o cantor e compositor americano levou o Nobel por ter “criado novas expressões
poéticas dentro da grande tradicional canção americana”. Além de entrar para a história da premiação, ele recebeu também uma medalha de ouro e um cheque de 8 milhões de coroas suecas, cerca de R$ 3,7 milhões.
Donald Trump é eleito presidente dos Estados Unidos (novembro)
Quando anunciou que entraria na corrida pela Casa Branca, em junho de 2015, Donald Trump não foi muito levado a sério. Quando venceu as primárias de julho e foi confirmado como o candidato do Partido Republicano à presidência dos Estados Unidos, a situação mudou um pouco, mas ainda assim Trump era visto como alguém com menos chances do que Hillary Clinton de vencer a eleição. Já no dia 9 de novembro, data em que foi anunciado como o 45o. presidente eleito dos Estados Unidos, o bilionário de 70 anos deixou o mundo boquiaberto com sua vitória, e mais ainda com a possibilidade de que ele cumpra suas promessas de campanha. Até agora, no entanto, ele tem se mostrado disposto a ouvir opiniões contrárias e a negociar. Mas a verdade é que tanto quanto a ascensão dele ao cargo mais importante do planeta, o governo que ele fará a partir de 20 de janeiro segue uma incógnita. Que venha 2017! (Por Anderson Antunes)
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