Nudez, cura gay, comédia. Para Nanda Costa não existe essa de assunto tabu. No auge e mais leve do que nunca, ela aprendeu a relaxar e gozar
Por Thayana Nunes para a Revista J.P de Outubro| Fotos: Maurício Nahas |Styling: Fabrício Miranda e Fernando Batista |Beleza: Max Weber
E la não tem medo de tirar a roupa para a câmera. Consegue ser cangaceira no cinema e periguete na TV. É de Paraty, mas nem sempre é de praia. Está adorando botas de grife, mas gosta mesmo é de caminhar descalça. Foi premiada aos 20 anos como melhor atriz e, uma década depois, não tem vergonha de dizer que ainda se sente insegura. Ela é amiga da figurinista, do figurante, da tia do cafezinho. Ela se arrisca como cantora e encara papéis secundários – porque sabe que na vida “tudo passa. E que a gente não é protagonista, mas está protagonista”. Nanda Costa é tudo isso e mais um pouco. A edição de aniversário de 11 anos da J.P não poderia ter escolhido uma mulher que traduzisse melhor o espírito da revista. Nanda é daquelas que chega de mansinho, parece tímida, mas que tem efeito arrasa quarteirão. E foi assim, arrastando uma equipe de mais de 20 pessoas, que ela participou do ensaio que você vê nestas páginas, fotografado de madrugada, por causa do ritmo frenético das gravações de Pega, Pega, novela das 7 da Globo. Na trama, ela interpreta Sandra Helena, papel que começou meio tímido, mas que aos poucos foi ganhando tanto destaque que agora todo mundo quer saber o que vai acontecer com a camareira que roubou uma fortuna do fictício Carioca Palace. Muito diferente de Morena, personagem de Salve Jorge, novela de Gloria Perez que lançou a atriz para o grande público, mas que perdeu destaque ao longo dos capítulos. Agora, aos 31 anos, a jovem de tantas outras histórias – os filmes Febre do Rato, de Claudio Assis, e Sonhos Roubados, de Sandra Werneck, que renderam a ela vários prêmios, ou Dolores Duran, na série Por Toda a Minha Vida, revela sem pudores que teve medo de fazer comédia, que encarou uma revista masculina pela arte – e pela grana também –, o que pensa sobre a tal da cura gay e que demorou muito para se achar bonita. Aqui, o melhor do nosso papo.
SEM AMARRAS
“Sandra Helena é totalmente diferente de tudo o que eu já fiz. Fiquei tão insegura, por medo do desafio, que quase disse não. Ela tem uma gargalhada estrondosa, que não sabia se ia conseguir fazer. A minha era meio presa, meio sem som, às vezes eu até me senti menos atriz por isso. Tem ator que não consegue chorar e se sente menos ator. A minha dificuldade era de gargalhar com força. Fiquei nessa tensão.”
CHORORÔ
“O engraçado é que as pessoas fazem um link comigo, misturam o personagem com o real. Quando eu fiz Salve Jorge, achavam que eu era da favela de verdade. Fui fazer uma campanha, o cliente falou: ‘Pô, que legal que você conseguiu, eu também vim da favela, também já passei fome’. Eu ri e falei: ‘Cara, minha história nunca foi fácil, mas eu nunca passei fome, não sou da favela, sou de Paraty. Vou perder o trabalho por causa disso?’.”
CONEXÃO
“Acho que o Instagram ajudou a trabalhar o meu humor, a me aproximar das pessoas e a me divertir. Nunca fui de me preocupar com número de seguidores. Até já cobraram isso, não a Globo, mas as pessoas cobram de uma certa forma, fulano tem mais seguidor que ciclano. Eu não ligo. Não sou de fazer pose, sou coerente. Já tive a proposta de topar jabá pelo dinheiro. Mas não fiz. Tipo de esmalte, se me pedirem, legal, vou postar, mas sabem que minha unha é postiça?”
MODO RELAX
“Eu sou superprofissional. Estudo o texto para poder chegar às gravações segura. Mas acho que tenho me levado cada vez menos a sério. A arte acontece no relaxamento. Quando você é nova, você dá a sua alma. Depois você começa a querer provar algo. Vem uma pressão do outro. Isso é um perigo.”
ESPELHO MEU
“Por muito tempo fui muito insegura. Demorei bastante para me sentir bonita. Justo agora que estou vendo que colágeno não é mais a mesma coisa! (risos) Eu acho que o humor é muito afrodisíaco, acho que com o relaxamento, se estou bonita ou não, tenho me sentido mais mulher. No dia a dia, não me cobro esse status de capa de revista.”
NUDEZ
“Nunca tive problema em tirar a roupa. Só na primeira novela que fiz, me convidaram para um ensaio sensual que me arrependi, uma das únicas coisas que me arrependi na vida. No filme Febre do Rato, também fiquei totalmente nua e meu corpo não estava malhado. Teve um site que printou as fotos, divulgou e falou: ‘Nanda Costa aparece nua em filme nacional’. Tiveram bilhões de acessos. Na época tinha recusado posar nua, mas acabei me sentindo mais mulher, mais bonita e vi que podia ganhar muito dinheiro, que poderia processar o site. Então pensei: quer saber? Vou posar nua. Foi maravilhoso, eu participei de tudo, comprei um apartamento.”
PAPARAZZI
“Eu odeio ir à praia! Não, eu amo praia, mas odeio ir porque tem paparazzi, acho um porre. Apesar de não ter problema com ensaio sem roupa, quero estar à vontade ali. A barriga dobra e a legenda sempre vem meio escrota. Já recebi inbox no Instagram de fotógrafo falando: ‘Gata, quando quiser me liga, porque vai ser ótimo, aí te divulga’.”
CURA GAY
“Como eu poderia não me manifestar? Minha religião é o amor. Eu realmente acredito que arte e amor podem curar muita coisa. Me sinto livre, na vida e na arte, para amar quem eu quiser, assim como dar vida a qualquer personagem que exija coragem e despudor. O preconceito e a homofobia, sim, são doenças, e gravíssimas por sinal!”
MARCHA-RÉ
“Essa caretice é um retrocesso e perda de tempo. Perdem tempo da própria vida, julgando ou criticando a vida de alguém que anda produzindo, amando e vivendo da forma que acredita. Tenho andado bem ocupada e contente com as minhas escolhas. E desejo de verdade que cada um lute pela própria vida. Parece clichê, mas passa tudo tão rápido.”
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