1. Temos sempre insistido nestes “sueltos” que o modelo agroexportador dependente da China que vimos construindo tem pouca probabilidade de nos servir adequadamente no futuro. É preciso repetir, repetir e repetir… que ele não será capaz de dar emprego de boa qualidade aos quase 150 milhões de brasileiros com 15 a 65 anos em 2030 e que terão mais saúde e mais educação.
2. Temos de rejeitar a nova divisão do trabalho internacional que nos vai sendo imposta pelos fatos, mas que temos tido dificuldades de entender. Que nova divisão é essa? Para a China, a indústria, para a Índia, os serviços, e para o Brasil, a agricultura! A agricultura é uma atividade nobre que nos salvou mais de uma vez dos erros cometidos pelos governos e financiou nosso desenvolvimento. Da mesma forma a mineração. O problema é que em ambas os avanços tecnológicos são no sentido de reduzir o volume de mão de obra aumentando-lhe a produtividade.
3. O que precisamos é um Estado-Indutor que formule um projeto para estimular a indústria (pequena, média e grande) e os serviços (os grande empregadores) que atenda a dois objetivos: 1º) estimular um aumento da competição interna de forma a obrigar as empresas a desenvolverem novos métodos, novos sistemas de controle e, acima de tudo, absorverem inovações e 2º) que dê aos nossos trabalhadores e empresários condições isonômicas de competição (carga tributária, juro real e taxa de câmbio real). Uma proteção externa inteligente e temporária vai lhes permite ampliar as exportações.
4. Isso exige, por um lado, a realização de reformas microeconômicas que estimulem maior eficiência nas relações entre o setor privado e o poder incumbente para aumentar a produtividade total dos fatores de produção. E, de outro, medidas macroeconômicas que garantam a continuidade da expansão da demanda com equilíbrio interno e externo.
5. Em poucas palavras, uma relação vigorosa de confiança e respeito mútuo entre o Governo e setor privado com a finalidade de construir a estrutura produtiva privada e a estrutura administrativa do Governo que deem consecução ao objetivo comum: oferecer a todos os brasileiros que puderem (e desejarem) trabalhar, bons empregos com remuneração adequada, em 2030.
6. É exatamente isso o que fará o novo plano de desenvolvimento industrial que deverá ser apresentado pela presidente Dilma Rousseff na semana que entra. Por isso deve merecer nosso apoio.
Por Antonio Delfim Netto
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