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1. É visível a indisposição de parte do sistema financeiro com a política econômica do governo Dilma. Esse mesmo setor, apesar de ter auferido os maiores lucros de sua história e, relativamente, talvez os maiores do mundo no governo Lula, tem por ele uma indisfarçável repugnância física. Nunca conviveram muito bem com o que julgavam ser apenas um migrante sem educação formal que, com esperteza e senso de oportunidade, criou um partido e ascendeu à Presidência da República, graças ao sufrágio universal.

2. É essa mesma gente que tem ojeriza aos “jacarés” que podem sair das urnas, quem exercita o seu autoritarismo apoiado numa falsa ciência monetária. Pretende dizer ao Governo o que deve fazer. Seu esporte hoje é disseminar a desconfiança sobre o ajuste fiscal e sobre o efeito das medidas macroprudenciais que complementam as manobras com a taxa de juros para controlar a inflação.

3. Mas o que propõem? Nada menos do que um ajuste fiscal dramático e o uso irrestrito da poderosa taxa de juros real para cortar a demanda do setor público e do setor privado, de forma a fazer a taxa de inflação retornar ao centro da meta (4,5%) nos oito meses que restam a 2011.

4. Segundo os luminares da tal proposta, sofreríamos, agora, uma pequena redução do crescimento do PIB (talvez para 3%). Em compensação, poderíamos voltar rapidamente a um crescimento de 4,5% com a taxa de inflação também de 4,5%. É essa uma proposta séria? Existem condições para “calibrar” o corte fiscal e o aumento de juros para reduzir a inflação no fim de 2011 a 4,5% e perder, seguramente, apenas 1% do PIB ao longo de 2011?

5. A resposta é negativa. A economia é uma ciência social. Nela as “expectativas” que a sociedade forma em torno das políticas do Estado são fundamentais para o seu resultado final. Se, o que é mais provável, um endurecimento fiscal e monetário quebrar a “confiança” de trabalhadores e empresários no processo de crescimento, os primeiros reduzirão o seu consumo e os segundos os seus investimentos. O resultado final poderá ser um desastre de graves proporções econômicas e tremendas consequências políticas.

6. O que isso significa? Que o “choque” em vez de reduzir o crescimento do PIB em 1% pode nos levar de volta a uma recessão, com a qual o poder incumbente não quer, corretamente, nem conversa. Ele tem uma ideia clara dos seus custos sociais e dos riscos políticos neles envolvidos. E tem razão, porque a situação da economia brasileira talvez não seja a ideal, mas é muito melhor do que supõem os nossos pessimistas.

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