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1. Positivamente, o ano de 2010 não terminou bem para os países latino-americanos que se meteram em grandes aventuras sociais e econômicas. Para cada um deles está chegando a “hora da verdade”, imposta pelas limitações da escassez de recursos e pela ineficácia das medidas autoritárias que tentam modificar o que talvez seja parte da própria natureza humana, a necessidade da liberdade de iniciativa e a recusa da igualdade conseguida à custa da liberdade individual.

2. A situação de Cuba é paradigmática. Depois de meio século de tentativa de construir o “homem novo”, a pobreza é visível. As mudanças ensaiadas desde a retirada de Fidel Castro (cuja insensatez colocou o mundo à beira de uma guerra nuclear) mostram quanto o país se atrasou materialmente. E não apenas por conta do bloqueio americano. Sem dúvida melhoraram a saúde e a educação, mas o recente fracasso de brasileiros formados em medicina em Cuba ao tentarem validar seu diploma no Brasil (menos de 1% foram aprovados!) mostra que parte das alegações sobre a qualidade é simples propaganda. Como o salário médio cubano é da ordem de 35 dólares americanos, a redução dos benefícios imposta pela realidade aumenta as tensões sociais. Cuba vive hoje das remessas de dólares dos cubanos exilados nos EUA. A famosa “libreta” (a cesta básica) que os cubanos recebem desde a revolução de 1959, vem sendo sistematicamente encolhida, ainda que saúde e educação continuem universais e gratuitas. A “libreta” já perdeu os cigarros, a batata e, agora, perdeu o creme dental, detergentes e sabão! O “ajuste de Ano Novo” será a dispensa de 500.000 cubanos funcionários públicos (sustentados por todos os outros cubanos) porque sua atividade não pode ser controlada pelo Estado. Parece que o “homem novo” vai ter que ganhar a vida trabalhando duramente e tomando menos banhos…

3. Na Bolívia, Morales enfrentou graves problemas com os protestos contra o “necessário aumento” dos combustíveis (mais de 80%) e a eliminação de subsídios para alimentos que, por motivos políticos, não foram feitos no passado. O interessante é que os mais violentos protestos se concentraram nas suas bases políticas e foram comandados por seu velho e tradicional aliado, o sindicato dos cocaleiros! Depois da pancadaria, Morales amarelou e suspendeu o aumento, o que, obviamente, só aumenta os problemas…

4. Na Venezuela, as estripolias de Chavez para construir o “socialismo do século XXI”, está destruindo o sistema produtivo de um dos países potencialmente mais ricos do mundo (o PIB caiu 3,3% em 2009 e deve ter recuado cerca de 2% em 2010). Chavez acaba de decretar mais uma reforma cambial, eliminado o sistema de câmbio duplo (que todos sabiam que ia dar errado), mas beneficiava as importações de produtos essenciais com uma taxa de 2,6 bolívares por dólar. Unificou-se o câmbio em 4,3 bolívares por dólar. Uma desvalorização de 65% que vai cair sobre a cabeça dos mais pobres e que deve acelerar a já altíssima taxa de inflação venezuelana (em torno de 25%). Desesperado com seus próprios erros, Chaves os atribui à oposição e para corrigi-los exige cada vez mais poder. Isto está levando o país, inexoravelmente, a um regime ditatorial que apenas aprofundará seus problemas.

Por Antonio Delfim Netto

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