A série ‘Amor e Sorte’, criada por Jorge Furtado com o objetivo de retratar relacionamentos e suas transformações durante a pandemia, ganhará um especial musical produzido exclusivamente para o Globoplay: ‘Amor e Sorte com Gilberto Gil’, que chega nesta quarta na plataforma, aberto para não assinantes. O especial vai mostrar a história por trás das composições de Gil, além de um grupo eclético de artistas em performances e parcerias inéditas para a gravação de novas versões dessas canções durante a quarentena. Respondendo perguntas dos artistas participantes, Gil faz uma viagem no tempo, contando curiosidades sobre o momento em que as músicas foram escritas, passando por temas de amor, ideologias e memórias de tudo que viveu até hoje. Sandy e Lucas Lima regravaram “Estrela”; Lucy Alves, “Andar com Fé”; e Liniker, “Barato Total”. E ainda Céu e Pupilo, com “Aqui e Agora”; Milton Nascimento e Amaro Freitas, com “Drão”; Anavitória com “Retiros Espirituais”; Pitty, com “Questão de Ordem”; e Teago Oliveira, com “Esotérico”. Além de Elza Soares e Renegado, com “Divino Maravilhoso”; Rubel, com “Palco”, e Silva, com “A Coisa mais Linda que Existe”. Gil solta a voz em Parabolicamará, trilha de abertura, ao lado da família.
Dirigido por Patricia Pedrosa, que assinou a direção artística de três dos quatro episódios da série “Amor e Sorte”, o especial é um complemento à homenagem já iniciada nas histórias a um dos maiores músicos da Música Popular Brasileira. Os três episódios dirigidos por Patricia têm apenas músicas do cantor, cantadas por ele e também por outros artistas que se destacam no cenário musical brasileiro. “Gil é um artista que dialoga muito bem com o presente. E ‘Amor e Sorte’ é uma série que se propõe justamente a fazer isso. Foi a partir daí que pensamos nele para embalar nossas histórias”, explica Pedrosa.
A diretora conta que, quando começou a pensar na trilha da série achou que seria interessante usar o mesmo conceito que teria na dramaturgia, quando o elenco colocou a mão na massa e, “sozinhos”, apenas com o direcionamento virtual dos profissionais dos departamentos técnico e artístico, filmaram seus episódios. “Inspirada por isso, tive a ideia de convidar músicos que estivessem quarentenando juntos para gravarem suas versões das canções do Gil da forma mais caseira e artesanal possível, com poucos recursos e instrumentos, em suas casas ou estúdios. Pedimos que filmassem o processo com suas próprias câmeras e celulares. O material foi chegando e era tão rico que percebi que precisávamos dividi-lo com o público. Jorge (Furtado) deu a ideia de convidarmos Gil para um bate-papo sobre sua trajetória, influências, parcerias e as canções usadas na série. Também pedimos que os cantores enviassem perguntas a ele. Costuramos isso tudo com a edição dos clipes e fizemos nosso especial musical”, conta Patricia. As entrevistas que geraram os depoimentos de Gil foram conduzidas por Jorge Furtado e pelo escritor Carlos Rennó.
Para Jorge Furtado, ter o músico na série já é “um bom motivo para a série ter existido”. O escritor e roteirista destaca ainda o quanto o fato de Gil ser um artista à frente do seu tempo colaborou para a escolha da trilha sonora e à homenagem. “A série ‘Amor e Sorte’ foi feita para falar sobre o aqui e o agora. E para cantar o aqui e o agora, ninguém melhor que Gilberto Gil. Temos grandes músicos, grandes poetas, e ele é um dos maiores e talvez o que mais fale sobre o futuro e o presente. Sobre o passado também (risos). Ao acompanharmos a trajetória da carreira do Gil, temos um retrato do Brasil ao longo do tempo. Uma cronologia do que passou e do futuro também. Ele sempre esteve muito à frente do seu tempo. Ele tem “a parabólica ligada”, um artista que está sempre nas fronteiras do ilimitado e do porvir. É um artista espetacular em todos os sentidos. Ter colocado canções do Gil pela primeira vez na voz de Elza Soares, ter colocado “Drão” na voz de Milton Nascimento, ter ajudado a divulgar mais ainda o trabalho de grandes jovens artistas, para isso também essa série está servindo”, celebra o autor.
Gilberto Gil diz estar “grato e lisonjeado” com a homenagem: “Foi interessante ouvir todas essas canções nas interpretações criativas de tantos e tantas colegas. Tudo feito em casa, com os parcos recursos e as limitações do isolamento. Tudo muito generoso, dedicado e comovente. Só tenho a agradecer. As histórias sobre as músicas escolhidas são um capítulo à parte. Muitas lembranças e esclarecimentos sobre o processo criativo. E muito divertido satisfazer a curiosidade do mundo sobre minha lavoura musical”.
Sobre sua participação na trilha sonora da série e sobre a homenagem à Gil, Milton Nascimento, outro grande ícone da MPB, disse que o artista é muito mais que um irmão para ele e lembrou de momentos históricos que viveram juntos: “Larguei tudo em Belo Horizonte pra tentar a vida em São Paulo, e Gil foi uma das pessoas mais importantes pra mim naquele momento. Era 1965, e a situação era muito difícil pra todo mundo. Dessa época, por exemplo, eu nunca esqueço de quando fui mostrar minhas músicas para Elis Regina, e Gil estava lá dando a maior força. Por isso que, até hoje, sempre que chamam pra qualquer coisa que Gil esteja envolvido, eu quero estar junto. Como agora, em que tive a chance de gravar pela primeira vez ‘Drão’, uma das músicas mais lindas que eu conheço. Me sinto muito privilegiado e, principalmente, bastante emocionado em ter a chance de cantar em homenagem a esse cara que eu amo tanto. Gil merece tudo, sempre!”.
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