por Pietro Marmonti*
Ontem, ao vasculhar os labirintos da biblioteca da Netflix encontrei um documentário sobre redes sociais que me deixou bastante curioso. Mal sabia que depois de assisti-lo não ia mais mexer no meu celular, muito menos entrar em minhas redes sociais por um bom tempo.
O documentário realmente mexeu comigo. Me considerava alguém que compreendia os riscos e as consequências do uso desenfreado de redes sociais, até já escrevi sobre isso aqui, mas esse filme mudou totalmente minha perspectiva. Realmente estamos vivendo em um Big Brother parecido com o descrito por George Orwell, onde todos nós estamos sendo constantemente vigiados.
“O Dilema das Redes” tem como objetivo expor um lado pouco conhecido das redes sociais, o da privacidade de seus usuários. O diretor americano Jeff Orlowski convida diversos executivos que trabalharam no alto escalão de diferentes empresas de tecnologia, como Google, Facebook, Twitter, Instagram, entre outras, para serem entrevistados. Muitos desses indivíduos foram responsáveis pela criação e a disseminação de diversas funcionalidades dentro das redes sociais que usamos hoje em dia como, por exemplo, o botão de “like”. O que alarma é que todos eles criticam o rumo que esses sites tomaram em relação a privacidade de seus usuários e o jeito com que as redes sociais estão invadindo nossa intimidade.
O ex-executivo do Twitter Jeff Seibert explica: “O que quero é que as pessoas saibam que tudo o que estão fazendo online está sendo observado, monitorado, medido. Cada ação que você realiza é cuidadosamente monitorada e registrada. Exatamente quais imagens você para e olha, por quanto tempo você olha para elas, se você está triste, feliz, deprimido, alegre… eles sabem até se você está olhando para uma foto da sua ex namorada. Tudo. As redes sociais estão monitorando tudo.” O depoimento de pessoas tão respeitáveis do mundo digital choca, e a obra acaba sendo essencial para todos aqueles que têm perfis em redes sociais. No fundo, o documentário expõe um lado da internet que nem todos conhecem, mas que precisa ser discutido urgentemente, salientando como as leis de privacidades online são necessárias e indispensáveis.
Como podem perceber, o doc me assustou bastante. Recomendo que todos assistam. Ele de fato mudou até o jeito que olho para o meu celular. Entretanto, acredito que a obra de Orlowski é bastante extremista, retratando as redes sociais como os maiores vilões do século 21. Ao meu ver, não acredito muito nessa interpretação, muito pelo contrário. O que tento trazer aqui em minhas reflexões é que se utilizadas corretamente e com prudência, as redes podem ser ótimas ferramentas de inclusão, divertimento, liberdade de expressão e alcance de informações. Não podemos esquecer que estamos ainda no começo da era digital e mudanças na esfera da privacidade online são essenciais e estão sendo elaboradas mundo afora. O que precisamos garantir é que esses “marcos” de privacidades estão sendo feitos de forma correta, e que proteja muito mais que nossos dados, mas nossa intimidade. *(Pietro Marmonti, colaborador do Glamurama e empresário da indústria criativa)
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