A Escola de Frankfurt expôs uma ferida que na época (1930-1950) não era percebida, mas nos dias atuais já está exposta: a cultura absorvida no capitalismo que se tornou um mercado lucrativo e gerou alienação nas massas. Ao dar continuidade às nossas colunas sobre a Escola de Frankfurt, desta vez vamos falar de um tema digno de reflexão e impacto: como consumimos a cultura.
O sistema capitalista começou a se relacionar com a cultura de forma diferente ao longo dos anos ao entender que é possível gerar um lucro exorbitante por meio desse mercado, e ainda ser possível manipular o imaginário popular através da cultura passando determinadas mensagens em novelas, filmes e músicas. Theodor Adorno e Max Horkheimer no livro “Dialética do Esclarecimento” (obra-chave para compreendermos o nosso mundo contemporâneo) proporcionam essa ideia de Indústria da Cultura.
Vamos lá! A cultura como ‘indústria’ deixa de lado a espontaneidade para se tornar uma variável do interesse capitalista, chamada de ‘Razão Instrumental’ tornando, assim, a cultura um meio para a obtenção do lucro. O que chamamos de Indústria Cultural começa a ter como característica a massificação de produção, ou seja, uma produção em larga escala de cultura (música, filme, teatro, arte, etc), gerando assim uma falsa sensação de acessibilidade e democratização. Essa sensação é causada, pois é efeito do consumo como produto, a cultura passa a ser vista como um produto acessível à prateleira de todos (à la Netflix), esse efeito é o fim desejável porque se há consumo há lucro.
Os problemas causados por esse sistema são diversos. Entre eles, a cultura como lógica de mercado perde sua essência, que é a de ser espontânea, a produção cultural fica descaracterizada de sua motivação de reproduzir a imagem e característica de seu povo e passa a ser vista como forma de obter dinheiro deixando uma lacuna gigantesca na crítica e peculiaridades para ser pensadas como um produto de consumo levando, assim, ao desenvolvimento de “fórmulas” de criação da arte. Exemplos? Os clichês de filmes e séries em que a cada 15 minutos exista a necessidade de ter um acontecimento dramático, para que se prenda a atenção do público.
Walter Benjamin, outro teórico da Escola de Frankfurt, observa esse método de se fabricar cultura e o chama de ‘Reprodutibilidade Técnica’, que está muito presente, principalmente no ramo da música, que deixou de ser uma expressão pura de sentimentos para se tornar lucrativa. Os estilos musicais de mais sucesso no mundo hoje seguem a ‘Reprodutibilidade Técnica’, desde o sertanejo universitário até o Trap todos vêm com a mesma fórmula “chiclete” e temas já saturados mantendo um ciclo de consumo em que a métrica não é o talento, mas o número de acesso e quanto dinheiro o artista ganhou com a obra. O sucesso não é qualidade mas quantidade, tal qual lógica de mercado. (*Audino Vilão, filósofo, cursa História na universidade e é youtuber – no insta @audinovilao e no Youtube)
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