Não bastasse os preços dos ingressos de sua próxima turnê de stand-up pelos Estados Unidos terem disparado desde a bofetada que levou de Will Smith no Oscar, Chris Rock agora também tem um de seus trabalhos entre os mais assistidos da plataforma de streaming americana Peacock, da NBC Universal, uma subsidiária do mega-conglomerado de mídia e telecomunicações americano Comcast.
E, por uma ironia do destino, a produção em questão é o documentário de 2009 “Good Hair”, escrito, produzido, dirigido e estrelado por Rock, e que trata da delicada questão da cultura do cabelo afro-americano nos Estados Unidos. O comediante foi agredido por Smith depois de fazer uma piada sobre a cabeça raspada de Jada Pinkett Smith, mulher dele e portadora de uma doença que a faz perder os cabelos.
Em uma entrevista que deu para Oprah Winfrey na época de seu lançamento, Rock resumiu a ideia do longa dizendo que “não importa o que as pessoas têm sobre suas cabeças, mas sim o que está dentro delas”.
Ambos sinais claros de que o público parece estar do seu lado por causa da agressão que sofreu de Smith. Tanto a explosão da demanda por ingressos de sua turnê “Ego Death” (“Morte do Ego”), que estreia nos EUA em 2 de abril, quanto o salto de reproduções de “Good Hair” no Peacock, indicam que Rock pode se tornar uma das celebridades mais comentadas de 2022, o que no caso de Hollywood significa também faturar muito dinheiro.
“Ainda processando o que aconteceu”
Aliás, em uma apresentação de stand-up que fez nessa quarta-feira em Boston, como um aquecimento para a “Ego Death”, Rock falou pela primeira vez sobre a polêmica do momento.
“Como foi o fim de semana de vocês?”, ele perguntou assim que entrou em cena para a plateia lotada do tradicional Wilbur Theatre da cidade americana, que tem capacidade para 1,2 mil pessoas. Logo depois de arrancar as gargalhadas de todos os pagantes, Rock disse que “ainda está processando o que aconteceu” na última edição da maior premiação do cinema, e que quando estiver pronto vai falar melhor sobre o assunto, de forma séria e também com piadas.
Enquanto isso, alguns executivos da indústria cinematográfica americana ouvidos em anonimato pela “The Hollywood Reporter” foram unânimes em concordar que a carreira de Smith, que tem quase US$ 7 bilhões (R$ 33,2 bilhões) faturados nas bilheterias internacionais atrelados ao seu nome, não está ameaçada por causa do tapa na cara que deu em Rock.
A maioria deles também acredita que o vencedor do Oscar de Melhor Ator desse ano por sua performance em “King Richard: Criando Campeãs” já deve ter contratado um time de “damage control” para tentar recuperar sua imagem de gente fina, que a essa altura dá pra dizer que foi pelo ralo por causa de seu pior momento na frente das câmeras.