Era 25 de junho de quando Elba Ramalho fazia um show na festa de São João de Campina Grande, Paraíba, e sua bolsa estourou, no oitavo mês de gravidez. Era Luã Yvys anunciando sua chegada. Filho da cantora com Maurício Mattar, Luã está com 31 anos e se manteve low profile até então. Ele viveu dos 20 aos 24 anos nos Estados Unidos – estudou música e se especializou em produção musical pela Berklee, em Boston. Foi lá que adquiriu uma visão mais erudita, mais técnica da “coisa”. Desde que voltou ao Brasil produz uma série de músicos em seu estúdio, o Gigante de Pedra, no Joá, Rio. Cerca de sete anos depois de um ritmo intenso de produções, mas sempre longe dos holofotes, Luã prepara para 2019 o lançamento de seu primeiro álbum.
“Eu nasci na música, convivi desde muito novo no ambiente musical, com artistas, mas nunca dei muita bola, para
ser sincero. Comecei a pensar nisso como profissão com uns 15, quando montei uma banda e comecei a estudar mais instrumentos.” Um talento importante do moço, que arrancou suspiros na temporada de fim de ano em Trancoso, é a composição. Luã compõe desde os 16 e o projeto que o apresenta para a cena musical brasileira reúne 13 faixas de sua autoria. Namora há três anos a fotógrafa Amanda com quem vive há um ano, no Rio. Os dois pensam em oficializar a união em breve.
“Tenho muito respeito pelas carreiras dos meus pais. É muito bom porque tenho a experiência de ver as coisas acontecendo dentro de casa e tenho apoio e liberdade de falar abertamente. Agradeço muito por ter pais que realmente respeitam e reconhecem a minha arte.”
Muito tranquilo, Luã conta que passou ileso pelos problemas que a superexposição que o fato de ser filho de artistas poderia lhe causar: “Sempre fui reservado, introspectivo. Quando mais novo eu era muito tímido e essa era uma forma de ser poupado dessa exposição. Meus pais nunca foram muito de me expor e nunca senti vontade disso, de sair usando o nome… foi muito tranquilo e hoje em dia lido super bem com isso.”
Luã passou 2018 fechado no estúdio, trabalhando em seu disco, que foca emm um MPB moderno, com influências variadas. “É um trabalho autoral que reúne 13 canções, entre elas a primeira e uma das últimas que escrevi. Juntei uma jornada musical que traduzisse bem minha essência. Como é meu primeiro trabalho como artista, queria me sentir conectado com a música. Estou me descobrindo.” A influência da mãe no CD passará batido? “Claro que existe por eu ser filho dela, mas acho que nesse trabalho isso não vai ser muito retratado. É como eu sinto e crio a minha identidade musical. Mas ela sempre me deu muito apoio e força para que isso acontecesse.”
Apesar do ótimo relacionamento entre eles, Elba nunca ouviu uma música inteira sequer do álbum do filho. Ela e Maurício Mattar vão conhecer o filho como artista em sua totalidade junto com o grande público. “Não quis mostrar, é uma surpresa, uma forma de honrar. Vai ser mais impactante para eles quando verem o trabalho pronto. Um presente mesmo”, diz Luã.
As músicas do moço fogem de temas mentais criados. “Elas mostram o meu ponto de vista diante de tudo o que eu vivi e senti durante minha vida, um amadurecimento, como eu sinto o mundo, de uma forma muito mágica, hoje em dia.” Questionado se teme comparações com sua mãe, ele, que é fisicamente muito parecido com o pai, fala: “Já cai um pouco nessa armadilha de temer comparações, mas o trabalho que eu estou fazendo é tão pessoal… Estou criando um universo meu. A comparação vai existir sempre.” Batizado Luã Yvys Ramalho Mattar, artisticamente ele é apenas Luã Yvys.
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