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Entrevistamos o cineasta Fernando Grostein Andrade na pré-estreia do filme “Na Quebrada” em São Paulo, nessa segunda-feira

 

Entrevistamos o cineasta Fernando Grostein Andrade na pré-estreia do filme “Na Quebrada” em São Paulo, nessa segunda-feira

Sem dúvida, o documentário “Quebrando o Tabu” – sobre a guerra às drogas – foi um divisor de águas na carreira de Fernando Grostein Andrade. É que foi a partir deste longa que o fato dele ser irmão de Luciano Huck deixou de pesar no seu currículo e, ao mesmo tempo, foi o momento em que o cineasta resolveu investir em filmes que tratam de questões sociais. O seu mais recente longa, a ficção  “Na Quebrada”, cuja estreia está prevista para o dia 16 de outubro, aborda a questão da inclusão social de jovens. Confira a nossa entrevista com o cineasta.

Glamurama: De que maneira “Na Quebrada” é diferente de “Quebrando o Tabu”?
Fernando Grostein Andrade: O novo filme é uma continuação de “Quebrando o Tabu”. A grande tese do documentário é que é impossível erradicar a oferta de drogas. A solução é diminuir a demanda por meio da descriminalização -tratar os viciados em vez de prendê-los. “Na Quebrada”, inspirado em histórias reais, mostra como é possível não só prevenir o abuso de drogas, mas resolver uma questão ainda mais grave: a marginalização dos jovens. Enquanto eles estiverem fadados à vida à beira da sociedade, estaremos criando um câncer que afeta a todos.

Glamurama: Qual é a lição de “Na Quebrada”?
Fernando Grostein Andrade: O que queremos mostrar é como arte, cultura, educação, e até carinho, são fundamentais para prevenir a marginalização.

Glamurama: Quais foram os obstáculos enfrentados para filmar “Na Quebrada”?
Fernando Grostein Andrade: Foram imensos os desafios. Foi complicado reativar um grupo de teatro dentro do presídio, e ainda convidar presos a serem atores. Além disso, os presidiários não aceitaram de primeira participarem das cenas. Houve resistência para fazer papel de policial, por exemplo -um grande preconceito a ser quebrado. Outro desafio foi simular uma rebelião com quase 100 presos dentro de um presídio em pleno funcionamento. Muita gente da equipe de filmagem ficou com medo de entrar. Apenas 5 tiveram coragem de gravar as cenas. Tínhamos, também, um orçamento muito baixo para executar o filme. O longa tem muitas cenas de ação, mas tivemos que fazê-las com poucos recursos. Além disso, o elenco principal tem 137 pessoas, o que para um filme nacional é um número grande. E nem mencionei figuração…

Glamurama: Pretende fazer mais filmes que lidam com questões sociais? 
Fernando Grostein Andrade: Quero produzir um longa de ficção sobre intolerância religiosa. Ainda estou na fase de captação de verba, mas espero que em 2015 já esteja de pé.

Glamurama: Por que o preconceito religioso é uma questão que te prende?
Fernando Grostein Andrade: Todos os meus filmes trabalham com o mesmo tema: obscurantismo versus lucidez. Até mesmo no documentário “Coração Vagabundo”, de Caetano Veloso, a discussão era provincianismo versus cosmopolitismo. No “Quebrando o Tabu”,  a análise para enfrentar a questão das drogas foi pragmatismo versus moralismo.

Glamurama: Quais outras iniciativas sociais você tem investido?
Fernando Grostein Andrade: No começo do ano me juntei a alguns jovens para criar o manifesto “Mapa do Buraco”. Entrevistamos 100 pessoas, desde Marcelo Freixo a Jorge Paulo Lemann, passando por Fernando Henrique Cardoso, Frei Beto e agentes penitenciários, para mapear os buracos da qualidade da educação no Brasil. A questão é que nós tivemos uma grande melhoria no acesso à educação, mas o ensino continua de qualidade baixa, até mesmo em colégio privado.

Glamurama: Quais iniciativas de inclusão social você gostaria que o futuro presidente promovesse?
Fernando Grostein Andrade: Arte, cultura e educação podem ser usados para prevenir a marginalização. Uma política de drogas que é científica, pragmática e não moralista é outro passo que acredito que seja importante. (Por Manuela Almeida)

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