Como Glamurama contou, chegou a São Paulo nessa sexta-feira a peça “Estamira”, inspirada no documentário homônimo de Marcos Prado sobre uma moradora do lixão e dirigida no teatro por Beatriz Sayad. O monólogo vem impressionando o público pela semelhança da protagonista Dani Barros – que levou o Prêmio Shell de melhor atriz do Rio de Janeiro por conta do papel – com a Estamira real. Por isso, a gente conversou com a atriz sobre a experiência e projetos futuros.
Você esperava uma repercussão tão grande para o espetáculo?
Por um lado sim, pois acreditávamos muito na potência do nosso material, na força da D. Estamira. O filme foi um grande sucesso e levou vários prêmios, e não tinha uma pessoa que eu encontrasse e que não se maravilhasse com a idéia de levar Estamira pro teatro. Claro que era um desafio, e como todo grande desafio, cheio de riscos. Mas sabíamos que tínhamos uma matéria prima fantástica, e que teríamos que honrá-la.
Ao longo do tempo em que vem apresentando a peça, você reviu – e remodelou – elementos dela?
Sim. O teatro é um encontro que se constroi a cada dia, e claro que o encontro com o público a cada dia me afeta e afeta a peça. Construímos essa porosidade, procuro os olhos dos espectadores, ouço a respiração deles, as risadas, os suspiros, e tudo isso forma junto com a sonoridade da peça uma sinfonia que a cada dia é diferente. E também fui crescendo, me apropriando cada vez mais… Acho que ator em cena é que nem vinho, vai ficando melhor com o tempo, depois quando abre vai respirando…
Você fez laboratório para viver a personagem? Como foi a preparação para este papel?
Acho que meu maio laboratório foi assistir ao filme milhares de vezes e brincar de imitar Estamira, os tempos dela, as pausas, a rapidez de algumas falas. E junto a isso, fomos visitá-la e muita coisa também se revelou pra mim nessa visita. Estar ali cara a cara com ela, olho no olho. E tem o laboratório da vida, passei a vida frequentando clínicas psiquiátricas com a minha mãe, e trabalhando em hospitais como palhaça, e a gente vê muita coisa inesquecível, muitos olhares inesquecíveis.
Sente algo de diferente agora que vai se apresentar nos palcos paulistas?
Sinto uma alegria imensa, eu estava louca pra chegar em São Paulo! Tô nervosa, vamos ver como vai ser o encontro com o público daqui.
E algo mudou em você – dentro e fora dos palcos – depois de ter levado pra casa o Prêmio Shell de melhor atriz? Fica mais segura?
Acho que mudou muita coisa em mim fazer Estamira. Uma mudança avassaladora. Fazer um monólogo como esse me deixa mais segura como atriz, me deixa inteira. Claro que o prêmio é uma consagração, uma consequência, um reconhecimento importante. Fiquei muito feliz, muito emocionada. Por mim e pela D. Estamira, ganhamos juntas!
E quais são seus projetos futuros?
No segundo semestre volto para São Paulo pois atuo no espetáculo Maria do Caritó, com a Lilia Cabral, texto do Newton Moreno, direção do João Fonseca. E quero continuar fazendo “Estamira”, quero fazer muito conseguir um patrocínio e ficar em cartaz, viajar, levar essa missão pelo mundo afora!