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Alessandro Molon || Créditos: Zeca Ribeiro / Agência Câmara

Filiado à Rede Sustentabilidade desde setembro do ano passado, o deputado federal Alessandro Molon (RJ) tornou-se homem de confiança de Marina Silva.  Ex-petista como ela e defensor de pautas progressistas sobre costumes – o que não é o caso da presidenciável evangélica –, Molon passou a ser também o anteparo da correligionária contra críticas de conservadorismo. Mais do que isso: seu ingresso na Rede é interpretado como um sinal de que o partido aposta em de políticos experientes e com boa popularidade para reduzir personalismo da legenda, hoje ainda muito centrado na figura da ex-ministra.

Não por acaso, o parlamentar de 44 anos que passou os últimos 18 anos no PT e era visto dentro e fora do Congresso como o mais preparado do quadro do partido no Rio, deve ser o escolhido da Rede para concorrer à Prefeitura da capital fluminense, disputando com o deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL) um eleitorado mais à esquerda. Para o coordenador executivo nacional da Rede, Carlos Henrique Painel, Molon é um político com estatura nacional e sua entrada foi motivo de grande comemoração no partido. A candidatura do deputado à Prefeitura do Rio, “apesar de Molon não ter verbalizado” a intenção de concorrer, diz Painel, evidentemente é uma possibilidade. “Essa ideia nos anima muito, aliás. Há uma certeza: no Rio, a Rede terá um candidato. Quando Molon se sentir confortável (a falar sobre a disputa), o nome dele seria unanimidade no partido.” Painel, no entanto, não concorda que a candidatura de Molon rivalizaria com a de Marcelo Freixo, do PSOL. “Não acho que Molon e Freixo disputariam o mesmo voto”, acredita.

Por Malu Delgado

Seguem trechos da entrevista que Alessandro Molon concedeu à PODER, em Brasília:

PODER – O senhor vai ser o candidato da Rede à Prefeitura do Rio de Janeiro?
ALESSANDRO MOLON – Fico muito honrado com essa lembrança, mas ainda é cedo para falar de eleição.

PODER – Por que o senhor deixou o PT?
ALESSANDRO MOLON – 
Foi uma decisão muito difícil. Eu passei uma primeira crise em 2005 (na época do escândalo do mensalão), quando muitos companheiros, inclusive o Chico Alencar,  entenderam que as possibilidades de recuperação do PT estavam esgotadas e saíram para fundar o PSOL. Fui convidado para ir junto, mas entendi que ainda possível recuperar os rumos do PT e dar uma nova chance ao partido. Decidi fazer essa aposta e fiquei mais 10 anos trabalhando nisso. Fiz o máximo que pude, até o momento em que conclui que o horizonte de possibilidade de recuperação do partido, para que ele possa reencontrar suas origens, sua motivação inicial, estava esgotado. É uma visão pessoal. Tem muita gente que até hoje olha para o PT e diz que é possível recuperá-lo. Respeito e entendo isso de alguma forma. Cada um tem seu tempo. Tomei a decisão de deixar o partido com muita dor, muita tristeza.  Ninguém fica durante 18 anos em um partido sem ter afeto por ele, por suas motivações, suas causas históricas, e por muitos de seus militantes, muita gente de bem, que também sofre também com os descaminhos do PT. É gente que eu respeito muito e que vou continuar respeitando.

PODER – Como surgiu essa ligação com Marina Silva? Ao que parece, hoje, o senhor é a ponte dela com o Congresso.
ALESSANDRO MOLON – 
No próprio PT. Aprendi a respeitar a história dela, da ex-seringueira que se torna senadora e quase presidente da República, por enquanto. A Marina é muito cuidadosa, não faz abordagens que possam parecer assédio ou tentativa de levar gente para a Rede. Conversei primeiro com outras pessoas que me procuraram  e, em um segundo momento, com a Marina, ouvindo como é que ela via o sonho da Rede. Percebi que tínhamos muita coisa em comum. Temos conversado muito, aliás. Naturalmente que a Marina, como liderança nacional e internacional, não consegue tratar apenas da pauta do Congresso. Ela está debatendo o Brasil, o problema dos Estados, o acidente de Mariana (MG). No final do ano passado, por exemplo, esteve na COP 21 (Conferência do Clima da ONU realizada em Paris), e foi ouvida pelo mundo inteiro.

PODER – O senhor chegou a considerar outros partidos antes de se decidir pela Rede?
ALESSANDRO MOLON   Mais ou menos na época em que ficou claro para mim que as possibilidades no PT estavam esgotadas que a  Rede surgiu. Entendi que o partido era uma possibilidade de resgatar muitas das motivações originais do PT e somar outras novas: a luta por um desenvolvimento sustentável, além da luta por ética na política e justiça social. Acho que a Rede atualiza muitas dessas bandeiras do PT e acrescenta outras que não existiam na época em que o PT surgiu e que agora são muito presentes.

PODER – Por que não o PSOL?
ALESSANDRO MOLON   Tenho uma relação muito fraterna e muito respeitosa com os companheiros do PSOL, que sempre fizeram questão de me deixar as portas aberta. Sou muito grato a eles por isso, ali[as.  Mas acho que o Brasil está reclamando uma nova alternativa neste campo da esquerda que possa dar conta de conciliar justiça social e a pauta da sustentabilidade como central. E a Rede traz isso, mais do que qualquer outro partido. Eu acho que essa agenda é urgente para o Brasil e para o mundo.

PODER – Qual é sua opinião sobre o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff?
ALESSANDRO MOLON   Assumimos o compromisso de fazer essa análise todo o rigor e toda a imparcialidade que o tema exige. Essa é uma questão muito grave e vamos analisar com muito cuidado tudo o que chegar ao conhecimento da comissão (a comissão especial da Câmara que vai analisar o processo). Essa análise, no entanto, não nos impede de ter uma opinião sobre o que se tornou público até o momento. E até o momento, no nosso entendimento, não estão configurados os elementos constitucionais necessários para afastamento da presidente da República.

 

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