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Marisa Berenson no dia da entrevista, com look Valentino e  acessórios poderosos || Créditos: Glamurama

Precisamos falar sobre Marisa Berenson. Uma fonte inesgotável de inspiração de moda e que não tem pretensão de ser o espelho de ninguém. Pelo contrário, já que seu melhor conselho fashion, herdado da avó Elsa Schiaparelli, ícone fashion, é: “conheça a si mesmo”. Por essas e outras, a atriz e modelo norte-americana segue sendo a “A garota dos anos dourados” por Yves Saint Laurent, que conquistou a moda e o cinema nas décadas de 1960 e 1970, com sua personalidade, estilo e irreverência. 

Aos 16 nos perdeu o pai, o diplomata lituano Robert L. Berenson, e decidiu sair de casa para cuidar da própria vida. Foi quando ingressou na carreira de modelo. “Estava finalmente livre, bati minhas asas, fiquei muito feliz. E ninguém podia me impedir!”, contou em entrevista exclusiva ao Glamurama. Identificando problemas de crise de identidade da geração atual, ela impulsiona pessoas a agirem por si e não se tornarem vítimas de tendências.

Hoje, Marisa tem uma vida equilibrada e saudável por opção. Não bebe uma taça de vinho sequer, muito menos champagne. Não gosta e pronto. Também não fuma, não come glúten, açúcar, gordura ou carne vermelha. Seu segredo de felicidade? “Ser fiel a mim mesma.” Mantém casas em Paris e Marrakesh, onde adora receber seus amigos. No próximo ano, volta aos palcos com uma peça em Paris e está estudando papeis no cinema. Prefere manter tudo em sigilo, pois é supersticiosa com relação aos negócios. Preenche boa parte de sua agenda com compromissos em torno da linha natural de produtos de beleza que leva seu nome.

Abaixo, nosso papo com Marisa, que esteve em São Paulo à convite do JK Iguatemi para participar do Iguatemi Talks. Entre os assuntos, boas lições de vida e de moda, claro.

Glamurama: Como foi crescer neta de Elsa Schiaparelli? 
Marisa Berenson: “Minha avó foi uma mulher formidável. Ela tinha personalidade forte – um pouco severa e séria – e foi a espinha dorsal da minha família por um longo tempo. Apesar de muito presente, nunca falou comigo sobre sua vida ou carreira. Ela não gostava de ser chamada de avó e sim de Schiapa. Morei com ela em Paris durante um tempo, e essa convivência me fez mais forte e independente.”

Glamurama: Ser neta dela abriu portas pra você?
Marisa Berenson:“Nunca me senti como algumas pessoas sentem às vezes, quando se tem parentes famosos. Nunca pensei dessa forma. Quando era jovem eu queria sair de casa e ser independente. Quando fiz isso, aos 16, não acho que ser neta dela teve influência em minha carreira como modelo ou atriz. Pelo contrario, porque minha avó não gostava do fato de eu ser modelo. Acho que trilhei meu próprio caminho, com o mesmo espirito livre que ela tinha quando jovem.”

Glamurama: Você gostaria de viver o auge de sua carreira de modelo nos dias de hoje? O que acha da situação atual das modelos?
Marisa Berenson:“Naquele tempo ser modelo era muito, muito mais divertido. Me sentia protegida. Éramos poucas no mundo e tínhamos personalidades muito autênticas. Hoje se tornou um negócio enorme. As garotas deixam seus países muito novas e vem para este “mundo” sem estarem preparadas, ficam completamente perdidas e assustadas, e não são tratadas muito bem. Acabam se tornando apenas mais um rosto bonito ou mais uma garota na passarela, a não ser que se tornem uma top model, o que não se faz mais como nos anos 1980 e 90″.

Marisa Berenson em campanhas de moda clicadas por Arnaud de Rosnay, Henry Clarke e Willy Rizzo|| Créditos: Reprodução

Glamurama: As garotas da sua geração pensam e vivem de uma forma muito diferente das de hoje em dia?
Marisa Berenson:“Nossa geração tinha um espirito mais livre e vivia intensamente. Era um tempo de guerra que marcou o início da luta pelos direitos das mulheres, assim como a liberdade sexual, o boom das drogas e a cultura do rock’n’roll. Todo mundo era mais intenso, havia mais prazer em viver e em se expressar. Criava-se coisas de uma forma muito livre. E a diferença é que as mulheres de hoje se deram conta de que podem ser femininas, lindas, sexy, usar batom, saltos altos e saias, e ainda serem poderosas no ambiente de trabalho. Que não precisam ser como os homens e nem agir como eles. Diferente dos anos 1960, quando mulheres passaram a se vestir como homens para conquistar seus direitos. Esse equilíbrio é ótimo, porque uma mulher deve se orgulhar de ser mulher e ainda ser poderosa como um homem, e continuar lutando por esses direitos, já que ainda há muito trabalho a ser feito.”  

Glamurama: Em se tratando de padrões de beleza, como você pontua as principais diferenças entre sua geração e a atual?
Marisa Berenson: “Cada geração tem seu tipo de beleza, assim como as tendências de moda. No meu tempo tudo era muito mais individual. Não se tratava de ter uma beleza perfeita, se tratava de ter uma ótima personalidade, um ótimo estilo. Diana Vreeland, editora chefe da ‘Vogue’, que me descobriu, só gostava de pessoas com muita personalidade. Sinto que hoje tudo é mais unissex. Mulheres parecendo homens, homens parecendo mulheres… Há um formato. Menos individualidade e mais clones.”   

À esquerda Marisa com Diana Vreeland. À direita, ela mais jovem em campanha de moda || Créditos: Reprodução

Glamurama: E como ficam as relações entre homens e mulheres neste contexto?
Marisa Berenson: “A situação de homens e mulheres na sociedade mudou muito. À medida que as mulheres se tornaram mais poderosas, os homens passaram a temê-las. Muitos não sabem lidar com mulheres tão independentes. Vivemos uma estranha sociedade, com muita gente solitária. Acho importante a relação entre homem e mulher.” (Por Julia Moura)

Marisa tomando café da manhã com seu cão Happy em sua casa em Marrakesh || Créditos: Reprodução Instagram

 

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