Publicidade
David Byrne e trupe no show “American Utopia” em Nova York // Crédito: Ana Penteado

Tá de viagem marcada para Nova York? Então anote aí. Um dos programas mais concorridos – e necessários – da temporada outono-inverno por lá é sem dúvida ‘American Utopia’, comandado pelo genial David Byrne, que fica em cartaz na cidade até fevereiro de 2020. A locação é o recém-reformado e lindo Hudson Theatre, na Broadway.  O ex líder do cultuado Talking Heads, aos 67 anos, segue questionador, divertido, irônico e modernérrimo. Com seus cabelos grisalhos, terno cinza e descalço, ele comanda os músicos de sua banda formada por homens e mulheres de diferentes partes do mundo, todos vestidos como o mestre e com seus respectivos instrumentos acoplados ao corpo. Isso permite que todos façam performances, coreografias e até dancinhas estranhas enquanto tocam. E dá pra sentir que a energia e a diversão rolam soltas não só na plateia mas no palco também.

O público, formado em sua maioria por uma turma mais velha e alguns novinhos que sabem das coisas, está ali para reverenciar  Byrne, se deliciar com o som e com as rápidas e politizadas intervenções do cantor durante as duas horas de show. ‘American Utopia’ parece uma grande festa entre amigos, comandada pelo cara mais legal da turma.

Para interferir o menos possível, já que, segundo o próprio David Byrne, o que importa sempre são as pessoas, tanto no palco quanto na plateia, a cenografia conta apenas com uma cortina de correntes projetada por Maira Kalman, pela qual os músicos aparecem e desaparecem. A primorosa iluminação de Rob Sinclair arremata tudo com uma simplicidade arrebatadora.

Às vezes Byrne fala entre músicas, às vezes não, às vezes pega um violão, às vezes simplesmente canta. Ele e a banda executam a coreografia angular e energética de Annie-B Parson, algumas delas adaptadas dos movimentos esquisitos do cantor.

“Agora posso falar em um grupo social – não me retiro para um canto”, dispara ele sobre o questionamento recente de que seu comportamento se enquadraria dentro do espectro autista. Em determinado momento, lembra a todos que eles têm permissão para dançar enquanto os corredores permanecerem vazios. Mas é só surgirem os primeiros acordes de hits do Talking Heads, como ‘Burning Down the House’, ‘Once in a Lifetime’ e ‘Road to Nowhere’ que ninguém consegue parar quieto nas cadeiras.

Outro destaque da noite é quando Byrne e cia entoam o hino de protesto de Janelle Monae, ‘Hell You Talmabout’, com os espectadores sendo solicitados a repetir os nomes de americanos negros mortos pela polícia ou em atos de violência racial, como Eric Garner, Trayvon Martin, Atatiana Jefferson… e Marielle Franco.

À certa altura, Byrne cita James Baldwin: “Eu ainda acredito que podemos fazer com este país algo que não foi feito antes.” Uma noite memorável! Quem estiver de viagem marcada para Nova York garanta seu ingresso. Glamurama foi e indica fortemente.

Abaixo um momento do show e a participação de David Byrne e sua trupe no programa The Tonight Show do Jimmy Fallon:

VOCÊ TAMBÉM PODE GOSTAR

Dia 30 de Abril

Dia 30 de Abril

A cada dia, nos aproximamos dos Jogos Olímpicos de Paris, mas os desafios persistem. Ainda há muitas obras...

Instagram

Twitter