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A estátua de Lysippos, em exposição atualmente no Getty Museum de LA || Créditos: Reprodução
A estátua de Lysippos, em exposição atualmente no Getty Museum de LA || Créditos: Reprodução

Uma disputa de décadas por uma estátua com mais de dois mil anos envolvendo poderosos da Itália e dos Estados Unidos teve uma grande reviravolta nesta semana, e com vantagem para os europeus. O que está em jogo é a obra esculpida em bronze “Victorious Youth”, cujo autor é o artista grego Lysippos, que viveu em 390 antes de Cristo.
Descoberta por pescadores no mar Adriático em 1964, a estátua foi comprada oito anos mais tarde pelos Administradores do J. Paul Getty Museum de Los Angeles, onde está exposta desde então e é uma das principais atrações.

Na época, os responsáveis pelo museu pagaram US$ 3,9 milhões (R$ 15,1 milhões), equivalentes a mais de US$ 23,2 milhões (R$ 90,1 milhões) em valores corrigidos pela inflação, para tê-la em seu acervo, e de uns tempos pra cá brigam na justiça para mantê-la. Isso porque há cerca de dez anos alguns políticos e entidades históricas do país europeu resolveram abrir um processo para reaver a raridade milenar, e na última segunda-feira um juiz da Corte de Cassação de lá decidiu que a obra deve ser devolvida imediatamente para os italianos.

A possibilidade de que isso aconteça, no entanto, é nula, e uma batalha diplomática entre os EUA e a Itália está para nascer por causa do imbróglio. Em sua defesa, o Getty afirma que a estátua foi comprada legalmente e que, ao contrário do que clamam seus adversários na briga internacional, não foi descoberta em solo italiano, já que as origens da mesma são difíceis de serem comprovadas. “Continuaremos defendendo nosso direito de posse sobre a estátua, que nos pertence há quase meio século”, disse Lise Lapin, vice-presidente de comunicações do museu, ao “The New York Times”.

Aos italianos resta agora tentar fazer valer a decisão do começo da semana com uma nova ação que pretendem dar entrada em um tribunal de LA ainda neste ano. “Esse bronze faz parte da nossa cultura e por isso nos pertence”, Tristano Tonnini, um dos advogados envolvidos no imbróglio, declarou ao “Times”. Historicamente, os conterrâneos do primeiro-ministro da Itália Giuseppe Conte costumam levar a melhor nessas situações, e o próprio Getty já devolveu pelo menos outras 40 obras que eles pediram de volta por vias judiciais nos últimos anos. Mas a criação de Lysippos é um caso à parte que envolve cifras e paixões nunca antes vistas, e nesse caso seu destino final ainda é uma incógnita. (Por Anderson Antunes)

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