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A escritora brasileira Hilda Hilst, que viveu de 1930 a 2004, nunca foi uma puritana na hora de escrever: ela adorava temperar seus escritos com doses de filosofia e obscenidade. E é justamente nos livros mais eróticos, aqueles publicados no começo da década de 1990 – “O Caderno Rosa de Lori Lamby”, “Contos d´escárnio/ Textos Grotescos” e “Cartas de um Sedutor” –, que pode-se flagrar uma busca por Deus.

* Isso mesmo, Hilda Hilst usou a escrita pornográfica para encontrar-se com Deus, como ela mesma contou em uma entrevista: “Vi Deus em algum lugar. É isso o que eu quero dizer”. Tais obras eróticas, aliás, são tão filosóficas que dificilmente tornaram-se populares – exceção para “O Caderno Rosa de Lori Lamby”, depois de adaptado ao teatro.

* Polêmico, este livro, original de 1990, conta a história de uma garota de oito anos que narra obscenidades em seu “caderno rosa” e traz ilustrações de Millôr Fernandes, grande amigo de Hilda. Ele, na ocasião, disse não ter gostado muito dos desenhos, bem comportados quando comparados ao texto de Hilda.

* Mas uma coisa é certa, os dois amigos, Hilda e Millôr, parecem sempre ter falado a mesma língua – a língua dos deuses, de Dionísio, das coisas desregradas e impuras.

Capa de "O Caderno Rosa" de Hilda Hist: Ilustrações de Millôr Fernandes

Por Roberta Sendacz

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