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Se alguém tem alguma dúvida de que uma trilha sonora errada pode acabar com qualquer clima, experimente se imaginar transando ao som de “Ui Wando Paixão”, “Pai Herói” de Fábio Júnior, ou qualquer coisa do Sepultura. Viu? Essa introdução é só para deixar claro que nada chama mais atenção no filme "Entre Lençóis", do diretor chileno Gustavo Nieto Roa, em cartaz nos cinemas, do que a sua melenta e tremendamente equivocada trilha. Existem outros erros, como o roteiro, que é um amontoado de clichês primários e superficiais do que pode ser um encontro erótico ou uma relação. Há ainda a direção, influenciada pela estética da propaganda, mas que não consegue nem se apropriar do melhor dela. E a luz, que de motel não tem nada, fica mais para churrascaria, lanchonete ou sala de espera de consultório médico.

 Foto: Reprodução

Paola Oliveira, como Paula, está correta. Reynaldo Gianecchini dá credibilidade ao seu Roberto. Mas alguma coisa na direção dos atores não aprofunda, não dá um tom para o encontro, não dá vivência, e deixa os dois como se estivessem boiando na superfície de alguma coisa que poderia ser, mas precisaria de muito mais verdade, intensidade, silêncios e entrega para acontecer. A impressão final que se tem do filme é a de uma experiência que não se aprofunda em nada.

 Foto: Reprodução

Para complicar, ainda paira no ar uma acusação de plágio do longa chileno “Na Cama”, de 2005, do diretor Matias Bize. Roa chegou a contatar o produtor do filme para comprar os direitos autorais, mas os dois não chegaram a um acordo, e parece que ele saiu usando a mesma trama, na marra. Dos 88 minutos de “Entre Lençóis”, salva-se mesmo, com louvor, o striptease de Reynaldo Gianecchini, com a ressalva de que o diretor não quis levá-lo até o fim.

Por Luciana Pessanha

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