Ensinamentos da cabala em tempos de coronavírus. O mestre Shmuel Lemle fala do significado da pandemia para Glamurama

Mestre em Cabala e parceiro de longa data do Glamurama, Shmuel Lemle é estudioso da Torá e desvenda os significados ocultos sobre Deus e as leis do Universo segundo o judaísmo, para que as pessoas possam, por meio da transformação pessoal, aprender a lidar melhor com dificuldades da vida.

Conversamos com ele sobre a situação atual do Brasil e do mundo por conta da pandemia do coronavírus. E Shmuel, que também está cumprindo quarentena com sua família e focando em seus cursos online, nos deu sua visão desse momento. Leia abaixo:

“Do ponto de vista mais espiritual, têm algumas lições importantes nisso tudo: primeiro entender como as coisas podem mudar em apenas um segundo. Se algumas semanas atrás alguém dissesse que o mundo pararia, que os aeroportos estariam vazios, as escolas fechadas por causa de um vírus, ninguém ia acreditar. Podem mudar para o mal, mas também para o bem. A pessoa pode estar numa situação de desesperança e tudo pode melhorar muito rápido, por exemplo. Vou contar uma história: ‘Tinha um homem que reclamava muito da vida. Procurou um sábio e disse que a vida estava difícil, o casamento, os filhos… O sábio disse: sabe o que você pode fazer para mudar sua vida, traz um bode para dentro do seu apartamento. O homem fez o que foi sugerido e a vida dele piorou muito, com o bicho fazendo sujeira, quebrando tudo, comendo os móveis… Ele voltou para o sábio e falou que fez o que ele havia mandado mas as coisas ficaram ainda piores, que nada havia melhorado. Aí o sábio sugeriu: ‘agora tira o bode’. A lição que se tira é que a gente não se toca o quanto nossa vida é boa, e vive reclamando disso e daquilo. Aí vem um coronavírus, um bode, para mostrar que tudo pode ser bem pior. Isso nos ensina a dar valor ao que temos.”

Outra coisa que o Zohar fala é sobre Era Messiânica, um tempo de grandes mudanças, a Era de Aquário. Estamos agora nessa transição de eras, em que a humanidade precisa aprender a se unir. Alguns filmes mostram povos em guerra, se odiando, mas aí vem uma invasão extraterrestre e todo mundo se une contra esse mal maior. O coronavírus pra mim, de certa forma, é isso, um extraterrestre que tá avançando sobre a Terra, e uma oportunidade da humanidade se unir e se transformar, porque a causa de tudo o que acontece está sempre no plano da consciência. O vírus em si é um efeito. Tem que ter uma mudança de consciência, além da prevenção física.

E que mudança de consciência temos que fazer para evitar que coisas como essa aconteçam? O mundo parou. Na cabala e na tradição judaica existe o conceito do ‘shabbat’, quando paramos um dia na semana para reconectar, ficar com a família, conversar e colocar as verdadeiras prioridades em ordem. O mundo vive numa correria insana e é importante um momento de pausa. Penso que esse momento pelo qual estamos passando é um ‘shabbat de Deus’, tipo ‘pausem’. Cada um fica em casa reavaliando a própria vida, suas prioridades, entendendo o que realmente importa… e que a gente consiga aprender com esse ‘shabbat’ e ter uma nova consciência depois disso tudo.”