Novas formas de produções surgiram em meio da pandemia do coronavírus, que fez o isolamento social virar regra no mundo inteiro. E foi assim que surgiu a ideia de ‘Amor e Sorte’, nova série da Globo que chega às telinhas em setembro com quatro episódios gravados na casa dos próprios atores. Participam do projeto Taís Araújo e Lázaro Ramos, Fernanda Torres e Fernanda Montenegro, Caio Blat e Luisa Arraes, e… Emílio Dantas e Fabíula Nascimento. Em papo virtual, Fabíula e Emílio contaram como foi estar dos dois lados da história, já que os atores tiveram que também fazer as vezes de câmera, iluminador, técnico se som, contrarregra, em plena quarentena: “Tivemos que segurar a barra um do outro”, diz Fabíula.
Diferente da vida real, o episódio ‘Territórios’ – criado por Jorge Furtado, com roteiro de Adriana Falcão e direção de Ricardo Spencer – mostra um casal que está prestes a se separar e se depara com a chegada da pandemia e do isolamento social: “Foi uma troca muito grande, porque esse é um formato praticamente inédito, não tinha nenhum tutorial de como fazer”, entrega o ator. Ao papo!
Foi estranho fazer um casal que se separa?
Emílio: A coisa da separação não, porque como estávamos nas duas linhas de frente do projeto, tanto na atuação quanto na produção, fomos encontrando lugares bem conectados dentro da função. Foi muito gratificante dar atenção ao nosso acerto prático, de pensamento e entendimento das coisas. Nem pensava na separação que era o foco da trama.
Que lições vocês tiraram dessa experiência?
Emílio: Aprendemos muita coisa. Sobre a gente, sobre o ofício. Tinha muitas dúvidas, sou muito curioso, gosto muito de aprender. Tinha duvidas sobre fotografia, coisas que comecei a entender. Foi uma troca muito grande, porque não tinha nenhum tutorial de como fazer. Talvez seja a única coisa que não está no YouTube: “Como fazer uma série dentro de casa na quarentena”.
Fabíula: Faria de novo total. Descansando duas semanas , a gente pode conversar (risos)
Essas múltiplas funções afetaram o trabalho como ator?
Fabíula: Para mim, a primeira cena foi um choque. A gente entregou algo muito genuíno, sem pensar muito em construir um personagem. Foi a ultima coisa que pensamos: “E agora, temos que interpretar!”.
Emílio: O projeto foi muito rápido. De certa forma foi uma desconstrução, uma nova maneira de trabalhar.
Como foi feita a parte técnica. Vocês dividiram as funções?
Fabíula: Foi tudo misturado. Foi muito natural o processo, não chegamos a dividir. Fomos entendendo de tudo para não deixar nenhum na mão. Eu tinha que saber tudo que ele me pedia, e ele o que eu pedia. Somos dois líderes por natureza, então a gente encabeçou real e as funções foram acontecendo no set. Ninguém ficou responsável por nada, mas ficou responsável por tudo.
Pode-se dizer que foi o maior desafio da carreira de vocês?
Fabíula: O desafio é sobreviver na nossa profissão (risos). É uma montanha-russa… um dia você tem, no outro não tem. Essa é a maior aventura! Não foi difícil, foi muito novo e prazeroso. Uma grande descoberta. Só consigo ver o lado positivo dessa experiência.
Como é gravar uma história de ficção no ambiente da vida real?
Emílio: A gente deixa de olhar para a gente e olha para o outro. Já tinha muita coisa prática para fazer para tirar o pensamento de mim mesmo e ao mesmo tempo eu estava vendo a Fabíula fazendo muita coisa prática. Às vezes ela estava movimentando a base para mudar o set do quarto para a sala e eu estava dando comida pro cachorro, ou então a Fabíula estava fazendo almoço e eu tentando logar o cartão. Essas coisas iam se misturando e acontecendo ao mesmo tempo.
Fabíula: Na hora da história é que a gente se encontrava. Aí a gente comemorava: “Vamos contracenar um pouquinho!” Brincamos de ser esses personagens, foi amador no melhor sentido da palavra. Um restart.
O que foi mais fácil e mais difícil na relação de vocês como casal, na convivência da quarentena?
Emílio: O que facilita é nossa comunicação, Estamos muito mais abertos para conversa, muito mais dentro do universo do outro. Por obrigação mesmo, por falta de espaço… a gente acaba inserido no universo um do outro e aprende a lidar com aquilo. Acho que a maior dificuldade é tentar lembrar o cérebro o tempo todo que não estamos em condições normais da vida. A gente está passando por uma fase que não pode se cobrar nenhum tipo de coerência, responsabilidade, crítica ou duvida. Isso pode ter sido o mais difícil.
Em casa vocês ficam o tempo todo juntos?
Emílio: Na segunda-feira entendemos qual a vibe que cada um está e já começamos a identificar os espaços. Fabíola tá acompanhando a série tal, em tal horário, então já sei que a sala ou a TV naquela hora vai girar pra ela, aí fico em outro canto. Às vezes, a gente se afasta naturalmente porque o corpo cansa mesmo, depois a gente sente falta e volta a se juntar.
Fabíula: Temos muita saudade da família e amigos. Aqui temos que segurar a barra um do outro. Um dia um tá grande e o outro tá pequeno, um dia os dois estão pequenos… e assim vamos nos equilibrando. Nossa realidade é essa agora. Acho que esse é o novo “ninguém sabe”.
Teve algum momento bizarro na quarentena?
Emílio: No início, a gente tinha roupas de ir lá fora (risos). Dei sorte que no final da novela “Segundo Sol”, na cena do trio elétrico, Beto Falcão tinha aqueles macacões e eu fiquei com um pra mim, que só tem um zíper na frente. Estava sempre vestido de Beto Falcão.
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