Habitué de Trancoso há algum tempo, o padre Fabio de Melo deu uma palinha mais que especial no show de sua amiga Elba Ramalho, que rolou na noite dessa sexta-feira, no Flyclub, com o patrocínio da Mastercard Black. Na apresentação, os dois cantaram algumas músicas, com destaque para “Romaria”, de Renato Teixeira. Em um momento solo no palco, ele emocionou a plateia com “Trem Bala”, de Ana Vilela. Minutos antes da apresentação, Glamurama conversou com o padre mais pop do Brasil.
Sua rotina no sul da Bahia é bem espiritual, ao contrário do que muita gente possa pensar: “Tenho uns amigos que me hospedam aqui e me oferecem uma privacidade muito boa. Venho, trabalho um pouco, escrevo, descanso, geralmente passo uns oito, dez dias todos os fins de ano.”
Os últimos tempos não foram fáceis para ele, que passou por maus bocados por conta de uma Síndrome do Pânico desencadeada após o suicídio de sua irmã, Cida. Praticamente curado, o padre revela detalhes da fase em que esteve em tratamento: “Graças a Deus consegui uma instabilidade boa. O tratamento deu muito certo e estou me sentindo inteiro. Às vezes tem um ou outro ‘sintomazinho’, mas trabalhando bem”. Como parte desse momento de recuperação, ele optou por se afastar de grandes projetos musicais em 2019. “A música me desgastou muito por causa do meu stress, do meu pânico, por isso não tenho nenhum projeto musical para este ano. Tive algumas propostas que até achei interessantes, mas prefiro não me comprometer com isso agora e fazer apenas o que já tenho feito.”
Por “o que já tenho feito” leia-se a concepção de dois novos livros, que serão lançados em 2019. O primeiro, intitulado “Por onde andar o teu passo que esteja também o seu coração”, será lançado em fevereiro. “É um diálogo do homem com a consciência, uma desconstrução bonita de tudo aquilo que na vida a gente faz como um processo de auto-sabotagem, que às vezes a gente não percebe na lida com o tempo, na lida com as escolhas. Neste livro, romanceado, a consciência é uma criança que vai recordando o homem daquilo que ele está esquecido”. Seu outro livro, em processo de finalização, ganha lançamento em agosto, durante a Bienal do Livro de São Paulo. “‘Quantos eus que não são meus’ é um desdobramento de um outro livro chamado ‘Quem me roubou de mim’, projeto antigo dentro do meu coração que finalmente está tomando forma”, conta o padre, animado.
Sua dica para começar 2019 em paz? “Acredito que estamos muito necessitados das mesmas coisas. Quanto mais eu converso e escuto as pessoas, mais percebo todo mundo muito angustiado com relação ao tempo, como escolhemos gastar nosso tempo. Uma dica para todo ano, não só para agora, é ter coragem de passar no filtro do bom senso as escolhas que temos feito. A vida é muito curta pra ser desperdiçada estando onde não queremos estar, fazendo o que não queremos fazer.” (Por Julia Moura)
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