Voltaire foi a “Jennifer Aniston do século 18” e George Washington, o primeiro presidente dos Estados Unidos, era capaz de tudo para ver seu nome estampado nos jornais, algo que lhe trazia grande satisfação. Estas e outras revelações estão no livro “The Invention of Celebrity” (“A Invenção da Celebridade”, em tradução livre), do historiador francês Antoine Lilti, que chegou às prateleiras do hemisfério Norte neste fim de semana.
Na obra, Lilti conta que o filósofo iluminista francês – nascido François Marie Arouet – era o homem mais famoso da Europa nas décadas de 1750 e 1760, e tal como a estrela de “Friends”, se tornou um dos assuntos favoritos da imprensa na época, não raramente como vítima de notícias falsas. Até uma estátua dele como veio ao mundo, produzida sem autorização, chegou a virar notícia depois de ser revelada.
Já sobre Washington, o historiador revela que em uma carta endereçada à filha o próprio político se vangloriou da fama que conquistou. “O rosto do seu pai já é tão conhecido quanto a Lua”, ele escreveu ao relatar como era retratado nos jornais. O político também sabia trabalhar a própria imagem, segundo Lilti, e fazia questão de posar para retratos com roupas humildes, para ser visto como um homem simples e, desta forma, manter a simpatia do povo depois de deixar a presidência, em 1797.
Lilti também fala sobre Marie Antoinette, que inspirou uma série de fan fiction erótica “capaz de deixar a autora de ’50 Tons de Cinza’ corada”, e explica que nos últimos dois séculos a busca pela fama foi praticamente a mesma, o que coloca no chão a ideia de que o “fenômeno celebridade” é uma invenção contemporânea. “Apenas os mecanismos [que levam à fama] mudaram”, ele explica. “Mas o desejo por atenção é exatamente o mesmo nas sociedades de hoje e de ontem”. (Por Anderson Antunes)
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