Eliane Dias é uma das principais vozes na defesa das causas negra e feminina do Brasil, advogada, produtora cultural, empresária do Racionais MC’s e mulher de Mano Brown. Aos 48 anos, ela se desdobra entre o trabalho com os Racionais, o cuidado com os filhos e outros projetos pessoais. Atualmente, está focada no lançamento do DVD do grupo que comemora os 30 anos de carreira. Inicialmente, seria apenas uma apresentação no dia 12 de outubro, mas os fãs pediram, e eles estenderam para três apresentações: “Posso garantir que vai sair um DVD maravilhoso”, contou a empresária em papo com o Glamurama, que ainda entregou mais novidades: projeto com a Netflix, músicas novas e seu envolvimento em outras áreas.
Glamurama: Você pode nos contar como foi a gravação do DVD de 30 anos dos Racionais?
Eliane Dias: Incrível! Nós gravamos nos dias 11, 12 e 13 de outubro. Achamos que conseguiríamos fazer tudo em um show, mas os ingressos esgotaram, e os fãs começaram a reclamar. Foram mais de 53 pessoas trabalhando nessa produção, e eu posso garantir que vai sair um DVD maravilhoso. Vamos lançar no dia 27 de março, no Espaço das Américas.
G: E essa turnê do DVD vai rodar o Brasil?
ED: Não, a turnê é muito enxuta. Eu estou tentando convencer os Racionais a fazerem mais shows, mas estamos apenas programados para São Paulo e Rio de Janeiro (Km de Vantagens Hall / RJ – 24/08).
G: E por qual motivo?
ED: Eles não querem, estão bem felizes com a carreira solo. Os Racionais são de propriedade dos fãs, então não dá pra passear muito, e na carreira solo eles fazem o que querem. Agora mesmo, o Brown acabou de fazer uma música que chama ‘Te Quiero, América’, em espanhol, e no Racionais não cabe. Mas para o Racionais ele fez ‘O Chefe’, então temos novidades.
G: Hoje em dia, o mundo é bem digital. Os Racionais conseguem vão entrar nesse mundo online?
ED: Sim, vamos entrar na Netflix, mas não podemos adiantar muita coisa. Só posso dizer que não é com o DVD, mas sim com outro produto e que já está pronto.
G: E o DVD, ele vai para alguma plataforma?
ED: Primeiro, vamos lançar o DVD e depois vemos em qual plataforma ele vai se encaixar melhor. Agora tudo é online, mas não adianta, ainda tem um público muito grande que esse ‘online’ não alcança. Eu sei disso porque rodei por vários estados, trabalhando principalmente com o maior público, que é o C, e ele não está todo na internet. Tanto que, no Rio de Janeiro, coloquei um carro de som em algumas comunidades para anunciar o show porque a internet não chega lá direito. Tem muita gente que está perdendo espaço por só esperar do celular.
G: Quais são os seus outros projetos? Você esteve junto com o pessoal do Perifacon… (iniciativa de amantes de quadrinhos, livros, desenhos e cultura pop no geral que cresceram nas periferias)
ED: Fui lá fazer um tutorial e falamos de negócios para eles entenderem como eu consigo chegar em determinado público, e foi isso que aconteceu. Infelizmente, tem muita gente que não tem condições financeiras de ter um pacote de internet, pagar 80 ou 70 reais por mês. Então, a divulgação do produto, de tudo o que você faz, precisa pensar nisso. Não dá pra esperar tudo do mobile, ainda mais agora nesse momento de retrocesso e crise. O pessoal da Perifacon não está precisando de uma sócia, mas se precisassem, eu topo.
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