Tem gente que quando começa a acertar não para mais. É o caso de Liz Tuccillo e Greg Behrendt. Ela era roteirista do seriado "Sex & the City", e ele consultor. Quando estavam escrevendo um dos episódios da última série, numa discussão sobre um homem que sai com uma das protagonistas e depois desaparece, enquanto as roteiristas inventavam milhões de desculpas, como: “Ele teve que viajar”, “Gostou tanto dela que ficou com medo”, “Está ocupado no trabalho”, Behrendt, o único homem da reunião, surgiu com a frase bombástica: “Or he’s just not that into you”. A declaração causou não só uma comoção entre as mulheres, como motivou a escritura do livro: “He’s just not that into you”, que vendeu milhões de exemplares no mundo todo, e, recentemente, virou filme.
“Ele não está tão a fim de você”, em cartaz nos cinemas, tem elenco peso-pesado: Jennifer Aniston, Ben Afllleck, Scarlett Johanson – no seu milésimo papel sexy – Drew Barrymore, Jennifer Connelly e o gatíssimo Bradley Cooper, e fala daquilo que toda mulher morre de medo, ao mesmo tempo em que parece buscar desesperadamente como limalha de ferro a um imã: a rejeição. Aprendemos desde pequenininhas, talvez por conta de sermos mimadas e superprotegidas, que um canalha que nos trata mal está, na verdade, está louco por nós, e apenas não dá conta de seus sentimentos. Quando na verdade, todas nós já tivemos pelo menos um homem apaixonado e sabemos que, quando eles querem, movem montanhas para nos conquistar.
É isso que o filme mostra: homens que estão a fim e os que não estão. E mulheres completamente confusas e piradas entre eles. Um outro conceito adorável e ainda mais auto-ajuda que o primeiro, é o que mostra que as mulheres estão sempre em busca de exceções: “Um amigo de uma amiga era o maior galinha, mas quando conheceu fulana…”, “O primo da minha vizinha era um solteirão incorrigível até que esbarrou com beltrana…”, quando, na verdade, na maioria dos casos, nos defrontamos não com a exceção e sim com o padrão. “Ele não está tão a fim de você” é uma comédia romântica, senão não seria um filme Hollywoodiano. Mas deixa um travo triste, uma vez que privilegia a exceção, em vez de reforçar o padrão. Afinal é um filme para ajudar mulheres, fazer sucesso e levantar fortunas. E nós somos incorrigíveis. Disso os autores sabem muito bem.