Edson Celulari vai aparecer assim em “O Tempo Não Para”, que estreia nesta terça-feira na Globo. É que seu personagem, Dom Sabino, ficou congelado por 132 anos e é encontrado em um bloco de gelo com sua família no mar do Guarujá. “A novela tem bem o perfil das sete horas, é mais leve, uma comédia. O diferencial está na proposta de fazer uma família do século XIX chegar nos dias de hoje, discutir o contemporâneo através desse olhar de 132 anos antes, da época do império, de antes da abolição da escravidão. Ao mesmo tempo que tem todas as diferenças do mundo moderno, da tecnologia, a discussão vai ser também sobre o comportamento humano: o que melhorou? Transporte evoluiu, medicina também, mas e o ser humano?”.
Edson está bem animado com o novo trabalho. “Está puxado, mas está gostoso. A gente pega os capítulos com muita vontade de ler… Esses personagens, os congelados, vivem se surpreendendo com as novidades. Dá muito trabalho, principalmente com a forma de falar do período… Começamos a preparação antes do resto do elenco. A gente passava 8, 10 horas por dia quietinhos em uma salinha aprendendo como as pessoas se comportavam à mesa naquela época, como se aproximavam de uma mulher, cortejavam, os gestos, tipo tirar a cartola… Isso durante um mês. Mas é uma equipe que trabalha feliz. Tivemos que antecipar a novela, que seria só para o ano que vem, mas vejo entusiasmo em todos”.
E esse jeito de falar “de antigamente” tem divertido nos bastidores… “Adoro dizer ‘mas que boa chalaça’, ‘folgo em ve-lo’ e ‘homessa!'[interjeição que significa algo como ‘ora essa’]”. Sobre Dom Sabino… “Ele é um fazendeiro progressista, um homem da terra, adora tirar a vaca do brejo. A família dele era dona de metade de São Paulo e não tem mais nada agora. Todos foram dados como mortos. Sem herdeiros, ficou tudo para o governo. Dom Sabino se encanta com os avanços de tecnologia. Eu, Edson, sou quase um congelado, se comparar com as crianças de hoje. Uso pouca coisa de tecnologia, só o essencial”. O ator explica: “Por exemplo: uso o WhatsApp porque isso facilita a comunicação, mas a gente não pode perder o encontro, o olho no olho, o convívio. Não abro mão do diálogo, do tempo de ouvir, refletir e responder. Aceito tudo, desde que não se perca a mágica do humano”.
Edson continua… “Hoje cada um pode ter seu próprio canal na internet e divulgar o que quiser. As pessoas se comunicam, mas me parecem mais solitárias. Estão na redes, mas ao mesmo tempo são isoladas. Quando vou almoçar ou jantar com meus filhos, peço para que não tenha celular à mesa. O tempo é precioso e deve ser bem aproveitado”.
Ele casou com Karin Roepke – com quem namorava desde 2011 – em novembro, em uma cerimônia íntima na Itália. Sobre ser um homem “à moda antiga”… “Sou um cara do interior de São Paulo, de uma família classe média de Bauru. Não sou conservador durão, mas tem coisas que são essenciais, e quando são essenciais, tento fazer valer”. (por Michelle Licory)
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