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Fred Gelli, sócio da agência Tátil || Créditos: Juliana Rezende
Fred Gelli, sócio da agência Tátil || Créditos: Juliana Rezende
Fred Gelli, sócio da agência Tátil || Créditos: Juliana Rezende

Glamurama foi bater um papo com Fred Gelli, sócio da Tátil, agência que projetou as marcas olímpica e paralímpica. O designer também é responsável pela cerimônia de abertura das Paralimpíadas – que acontece no Maracanã no dia 7 de setembro -, ao lado de Vik Muniz e Marcelo Rubens Paiva. “Claro que existe um meganegócio por trás dos jogos olímpicos, mas a dimensão desse evento, tréguas em guerras, nada tem tanta visibilidade no mundo”.  À entrevista! (por Michelle Licory)

Glamurama: Qual foi o maior desafio ao projetar a marca olímpica?
Fred Gelli:
“Com certeza o briefing, muito complicado. Era preciso criar uma marca que conseguisse atender 12 atributos, alguns quase contraditórios: ser superoriginal, fugindo de qualquer clichê, mas ao mesmo tempo ser entendido por todo o mundo, 6 bilhões de pessoas. Para se conectar com algo maior, você precisa usar um pouco de clichê. Foi difícil. Num único símbolo, muitas ideias. Traduzir o jeito carioca de ser, o lifestyle acolhedor, traduzir a natureza, durar seis anos com frescor – já que foi criada em 2010 -, ter uma perspectiva inspiradora, fugindo de estereótipos tropicais. A gente fez mais de 50 marcas diferentes, e só essa preencheu os 12 atributos. Vencemos uma concorrência com 139 agências. Incluímos a equipe inteira, até a nossa recepcionista no processo, já que o símbolo precisava ser compreendido facilmente por qualquer pessoa. E ainda tínhamos as dificuldades técnicas de conceber uma marca para ser impressa em relevo de moeda, mas também vestir uma cidade inteira”.

Glamurama: Esse é e será sempre o maior projeto da sua vida, certo?
Fred Gelli:
“Certamente será o projeto mais importante da minha vida profissional. Não existe projeto mais importante dentro do design e do brandindg…. Nem fazer o novo logo do Google. Claro que existe um meganegócio por trás dos jogos olímpicos, mas a dimensão desse evento, tréguas em guerras, nada tem tanta visibilidade no mundo. Essa marca está sendo impressa em um jornalzinho no alto do Himalaia e na Quinta Avenida, em Nova York. Muito doido pensar em próximos objetivos agora”.

Glamurama: Você já está colhendo em outras áreas esses louros? Muda a vida, não é?
Fred Gelli:
“Claro que estamos colhendo, com certeza, afinal nos deu visibilidade internacional, nos colocou em um lugar diferente, especial. Estamos trabalhando marcas globalmente em maior escala. Fiz palestras no mundo inteiro. E aí eu não falava só da marca olímpica, incluía questões que acreditamos, como sustentabilidade. Por 10 anos, fizemos só isso aqui na Tátil, projetos de sustentabilidade, e começamos em 1987, quando isso não era moda. Ter vencido essa concorrência me deu credibilidade para falar de coisas estranhas, você ganha esses espaço. Adoro, por exemplo, falar de Biomimética, dou aula na PUC sobre isso”.

Glamurama: E como tem sido planejar a cerimônia de abertura das Paralimpíadas?
Fred Gelli:
“Nunca tinha feito nada assim, um show de 2 horas e meia para 1 bilhão de pessoas no planeta. Eu, o Vik e o Marcelo, a gente trabalha no mesmo espaço que Daniela Thomas, Andrucha Waddington e Fernando Meirelles, responsáveis pelas cerimônias das Olimpíadas, então foi muito enriquecedor. E na nossa equipe tem o que a gente chama de ciganos olímpicos. A italiana responsável pelos figurinos já fez cinco Olimpíadas, por exemplo. É gente com muita experiência, que sabe o que está fazendo. E nós com uma certa ingenuidade, que acaba abrindo espaço para coisas novas. ‘Nunca tinha pensado nisso’ – a gente escuta dos gringos”.

Glamurama: Dá para comparar a cerimônia de abertura das Olimpíadas com a das Paralimpíadas?
Fred Gelli:
“A olímpica tem o compromisso grande de contar a história do país. A gente, não: vai direto para coração do nosso tema, inspirador e provocante. Temos mais liberdade. Nosso gancho é trazer a deficiência para o lugar da diferença. Quando você olha para a natureza, diferença é força, potência. Quanto mais diversidade num ecossistema, mas rico ele é. Ser intolerante com a diferença é jogar contra a lógica da própria natureza. Diferença é riqueza. E o Brasil é uma mistura. Vamos trabalhar com a dualidade humano e tecnologia, já que muitos atletas paralímpicos convivem com aquelas próteses tecnológicas. Não vamos fazer dancinha com cadeira de rodas. Nosso número com cadeira de rodas vai ser radical”.

Glamurama: E o investimento do comitê no evento?
Fred Gelli:
“A cerimônia de abertura das Paralimpíadas tem um quarto da grana, um quarto das pessoas, mas ainda assim está sendo muito divertido fazer. Estou aprendendo muito. O Marcelo, cadeirante, desmontou alguns pontos de vista que a gente tinha. O Vik tem um repertório bastante grande, transita no mundo há muitos anos, é supercriativo. Temos visões bem complementares. Dá medo pensar que está chegando, ainda falta muito a ser feito. Espero que a gente consiga transmitir para as pessoas o que aprendemos durante esse processo.

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