Sarcasmo, humor cáustico e cruel, circunstâncias surreais – todas exageradas e caricatas, expondo o falso moralismo e as situações politicamente incorretas de uma família que está desmoronando. Foi com este texto extremamente ferino que estreou, na noite dessa sexta-feira, no Teatro Faap, a temporada paulistana de “Pterodátilos”, dirigida por Felipe Hirsch.
* No palco, uma família rica e disfuncional passa por diálogos demolidores e formam a crítica ao consumismo desenfreado, que pode levar uma família à extinção . O texto, adaptado do norte-americano Nicky Silver, é um justo presente para Nanini, que comemora os 45 anos de carreira dando vida a dois personagens, Artur, um banqueiro que se vê numa família completamente desarticulada, e Ema, a filha de 15 anos, que vive um desencontro consigo mesma muito grande.
* A mãe alcoólatra e consumista vivida por Mariana Lima é uma mulher fatal, preocupada com as roupas que compra, os homens que consome e a quantidade de whisky no copo. Todd é o personagem vivido por Álamo Facó, o filho mais velho que retorna à família após contrair o vírus da aids. Fecha o elenco Felipe Abib, o namorado de Ema, transformado em empregadinha da casa assim que é introduzido ao convívio do núcleo familiar – se bem que convívio, mesmo, não existisse entre as personagens.
* Interessante notar que o texto de Nicky Silver toca na ferida e, surpreendentemente, arranca gargalhadas da plateia, com situações mais duras, à beira do drama. Fruto da grande interpretação de Nanini e Mariana. A direção de arte e a cenografia do espetáculo são um detalhe à parte. À medida que o espetáculo flui, Todd descobre estranhos sinais na sala da casa, na qual começa uma escavação, a própria cova da família, que se desintegra ao passo que o cenário vai sendo desmontado, ali, diante do público. É pra ver, com certeza.
- Neste artigo:
- Daniela Thomas,
- Felipe Hirsch,
- Marco Nanini,
- Mariana Lima,