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Drica Moraes || Créditos: Reprodução
Drica Moraes || Créditos: Reprodução

Drica Moraes está simplesmente deslumbrante – uma performance realmente irretocável – em “O Banquete”, filme de Daniela Thomas ambientado nos anos 90 que entra em circuito nesta sexta-feira. “Faço a anfitriã desse grande banquete, um jantar de comemoração de 10 anos de casamento de um casal amigo, um diretor de um grande jornal e sua mulher, uma atriz renomada. E convido para essa comemoração na minha casa todas as amantes do homenageado, inclusive eu mesma. Simultaneamente está acontecendo no país uma denúncia de um grande escândalo político [no governo Collor], feita em uma carta aberta publicada por esse diretor de jornal, o propulsor do escândalo, que está iminência de ser preso. Esse jantar é, na verdade, uma grande cilada que minha personagem prepara.

Cena de “O Banquete” || Créditos: Reprodução

“Tudo o que a gente não conta pra ninguém”

O filme inteiro acontece na sala dessa casa. “A Daniela criou esse ambiente no qual oito pessoas se encontram em volta de uma mesa. Comendo e bebendo para celebrar o amor… Mas, depois de altas horas, começam a falar tudo o que a gente não conta pra ninguém. Todas são mulheres traídas. A minha personagem foi largada por esse diretor de jornal… É a história da mulher corna, que ninguém fala, que ninguém quer ser. Que a gente esconde. Quando é com a gente, não conta, omite. Finge que não aconteceu… Essa dor dessa mulher aparece no filme, junto com um Brasil desmoronando”.

“… esse ritual satânico é um tiro no pé

O longa trata muito da relação entre erotismo e poder. “O ser humano, teoricamente, nasce para ser feliz e se divertir, para desfrutar da vida. Crescer e se divertir com comida, bebida e sexo. E o sexo está muito relacionado com poder no sentido de que hoje é e sempre foi moeda de troca. Não tem muito tempo que nós éramos trocadas por dotes. A gente tinha um valor [em cifras] e nem casava com quem queria. Estamos em uma franca tentativa de igualdade, mas a mulher começou a votar muito recentemente, essa submissão acabou faz pouco tempo. O filme mostra esse retrato da mulher tão dependente do homem… Esse ritual satânico que a minha personagem propõe é um tiro no pé porque ela resolve dar uma festinha para se humilhar, na verdade. E se expor, expor seus piores lados. É uma mulher ainda doente pela submissão”.

Drica com Mariana Lima, que interpreta uma atriz comemorando 10 anos de casamento || Créditos: Reprodução/ Instagram

“O menos pior”

A trama tem como pano de fundo um escândalo político. Aproveitamos o gancho para perguntar para a atriz qual a sua expectativa para as próximas eleições. “Quem é que está tranquilo nesse país? Estou profundamente triste e sem esperança, mas tentando acreditar porque as coisas precisam ser feitas. A gente tem que votar no menos pior, no menos preconceituoso, no que oferece menos risco à liberdade, à igualdade de raças, de gêneros…

E TV, Drica? “Estou no elenco da terceira temporada do ‘Sob Pressão’ [série médica da Globo]. A segunda ainda não estreou, mas já estamos gravando a próxima. Faço uma médica infectologista. E estou fechando outras séries, mas não posso falar ainda porque está tudo muito embrionário”.

Mãe do Chay

Novela não anima? “Ah, tenho curtido muito fazer trabalhos menores. Filmei três longas esse ano. ‘Pérola’ acabei de rodar e vamos lançar em março. Com direção do Murilo Benício, é uma comédia de costumes, uma peça do Mauro Rasi escrita nos anos 90. Faço a Pérola, que tem esse projeto de vida: construir uma casa, ter filho, filha, e já planejou o futuro todo com a casa, onde vai ficar a piscina, como os filhos vão crescer… E os filhos crescem, e o destino deles é completamente diferente do que ela imaginou, aí levantam um prédio ao lado da casa dela, que faz sombra na piscina… Dá tudo errado. É a história da vida de todos nós, classe média. Mas ela é muito bem humorada, uma personagem deliciosa e controversa que a Vera Holtz fez no teatro lindamente. Em outro filme, do Jorge Furtado, também uma história de família, que estreia em outubro, sou a mãe do Chay Suede. A história tem um conflito de gerações, fala das escolhas e do engajamento político dos filhos, da capacidade deles de crescerem independentes. Eu e o Marco Ricca somos pais protetores e angustiados, o Chay é um bicho grilo que está indo pro mundo…” (por Michelle Licory)

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