“Um documentário único, sem clichês, sobre o trabalho de uma grande artista”, assim definiu a revista francesa especializada em cinema “Positif”, o longa “Maria Callas – Em Suas Próprias Palavras”, que ganha pré-estreia neste domingo em diversas cidades do Brasil (em São Paulo e em Niterói a exibição acontece no Reserva Cultural). A data não poderia ser melhor, já que coincide com o aniversário da maior cantora de ópera do século XX, que faria 95 anos neste domingo. Em circuito nacional, o longa poderá ser visto a partir de quinta-feira.
Com arquivos de imagem, o filme apresenta grandes momentos da vida de Maria Callas (1923-1977), como o início da sua carreira, em 1948, na notável interpretação como protagonista da ópera “Norma” de Bellini, além das apresentações regulares nas mais importantes casas de ópera do mundo, os hiatos repentinos em sua carreira e os dramas de sua vida pessoal e amorosa, como o polêmico casamento com Aristóteles Onassis. O trabalho contou com a estreita colaboração de Nadia Stancioff, amiga íntima de Maria Callas, que nunca esqueceu o pedido da cantora: “Se eu tiver que morrer antes de você, quero que conte às pessoas quem eu realmente era.”
Para saber mais sobre o documentário, que traz áudios da própria Maria Callas, transformados pela produção em algo parecido como uma narrativa, e que também traz a voz da musa do cinema francês, Fanny Ardant, Glamurama conversou com o diretor Tom Volf. O francês viajou por três anos para reunir material para o projeto, que revela também uma personalidade incandescente e vulnerável de Maria Callas. Volf viria de Paris para São Paulo para participar da pré-estreia do filme em São Paulo e no Rio, mas teve que cancelar a viagem por conta de um problema de saúde.
Glamurama: Como foi imergir na vida de um ícone como Maria Callas?
Tom Volf: “Foi uma jornada incrível e também um privilégio. Poder passar cinco anos ‘com ela’, conhecer a fundo quem foi essa mulher e artista incrível e fazer esse filme foi a minha maneira de tentar recriar a mesma experiência para as pessoas que o assistirão no cinema. Quando saírem da sala de cinema, acredito que terão a sensação de que a conheceram Callas de verdade.”
Glamurama: Quais características da cantora são reveladas no documentário?
Tom Volf: “Essencialmente os dois aspectos que permeiam a dualidade dela: Maria e Callas como ela mesmo diz no início do filme. Dessa forma exploramos todos os aspectos de sua vida pessoal e da carreira e o que a tornou a maior artista do século. Mas o mais importante é que o filme explora a dualidade entre as duas, e como ela teve que lutar com isso por toda a vida, de certa forma tendo que sacrificar constantemente uma em prol da outra – sua vida pessoal por sua carreira, e mais tarde sua carreira por sua vida pessoal. Foi isso que deu vida ao filme ‘Maria by Callas’.”
Glamurama: Quem você acredita ser a mulher com poder similar ao de Callas nos tempos de hoje?
Tom Volf: “Eu não acho que exista alguém como ela. É claro que em termos de fama, a cantora poderia ser comparada com as mais famosas atrizes de Hollywood ou com as cantoras de pop de hoje. Além disso, Callas é realmente única e embora tenha morrido há mais de 40 anos, continua sendo uma artista do presente e amada por pessoas de todo o mundo, idades, culturas e origens. O que é incrível de sua arte é que ela transcende ao tempo e pode ser que esse filme hoje seja a melhor prova de que ela ainda está viva.” (Por Julia Moura)
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