Depois de contribuir para a queda de Harvey Weinstein, Ronan Farrow mira Trump

Donald Trump e Ronan Farrow || Créditos: Getty Images

Depois de exercer um papel fundamental na queda sem precedentes de Harvey Weinstein, Ronan Farrow parece ter um novo alvo: Donald Trump. Repórter da revista “The New Yorker”, o filho de Mia Farrow e de Woody Allen publicou nessa quarta-feira uma matéria bombástica sobre uma história que teria sido abafada em 2016 pelo tabloide “National Enquirer”, e que poderia ter causado sérios danos à imagem do presidente dos Estados Unidos, na época ainda em campanha pela Casa Branca.

O bafão em questão envolve o ex-porteiro Dino Sajudin, que trabalhou por anos na Trump Tower, o prédio mais famoso de Trump em Nova York. Segundo Farrow, ele procurou o “Enquirer” nos últimos meses de 2015 para revelar um rumor que sempre ouviu no trabalho: um suposto filho que o republicano teria tido fora do casamento no fim dos anos 1990, quando ainda dividia o mesmo teto com a segunda mulher, Marla Maples – eles foram casados entre 1992 e 1999.

Apesar do conteúdo “nitroglicerina pura” da informação, o “Enquirer” optou por manter o relato de Sajudin fora de suas páginas e, a pedido de seu publisher David Pecker, amigo pessoal de Trump, ainda lhe pagou US$ 30 mil (R$ 101,4 mil) pelo silêncio. Pecker teria feito o mesmo com a coelhinha da “Playboy” Karen McDougal, que afirmou em agosto de 2016 para repórteres da publicação ter tido um affair com o bilionário-presidente e recebeu US$ 150 mil (R$ 507,1 mil) para ficar quieta.

O problema maior, no entanto, envolve um acordo feito por Michael Cohen, advogado de Trump, com a porn star Stormy Daniels (o nome artístico da atriz Stephanie Clifford), outra que ameaçou contar para o mundo detalhes sobre um caso que teve com o apresentador de “O Aprendiz”, em 2006. Nesse caso, Cohen entrou em cena e sacou US$ 130 mil (R$ 439,5 mil) do próprio bolso para forçar Clifford a ficar com o bico calado por meio de um acordo de confidencialidade.

Trump afirma que não sabia do acerto firmado por seu conselheiro legal, mas de acordo com Farrow, especula-se que o pagamento possa ser classificado como doação de campanha. Detalhe: nos EUA, no caso de candidaturas em curso, o valor máximo permitido a indivíduos nesse tipo de ajuda eleitoral é de US$ 5,4 mil (R$ 18,2 mil), e o jornalista afirmou em sua reportagem que já existem pedidos formais de investigação sobre o caso que, na pior das hipóteses, pode render até impeachment. (Por Anderson Antunes)

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