Como não pegou nada bem a carta aberta publicada na semana passada pelo diário francês “Le Monde”, assinada por Catherine Deneuve e outras 99 mulheres, na qual elas fazem ressalvas sobre o #MeToo e defendem a “liberdade de importunar” dos homens, a atriz francesa achou por bem esclarecer algumas coisas. Em um novo texto que publicou na edição deste domingo do jornal “Libération”, ela pediu desculpas às vítimas de assédio sexual que inspiraram o movimento iniciado por atrizes de Hollywood há poucas semanas e que vem dominando o noticiário de entretenimento desde então.
“Cumprimento de modo fraterno todas as vítimas de atos odiosos que possam ter se sentido agredidas pelo texto [do “Le Monde”]. É a elas, e apenas a elas, que apresento minhas desculpas”, escreveu a estrela de “A Bela da Tarde”. Mas apesar da aparente volta atrás, Deneuve se manteve firme em sua posição de se mostrar contrária ao que classificou como um excesso de denúncias sobre supostos casos de assédio e afins. “Sim, amo a liberdade. Mas não amo essa característica da nossa época em que todos se sentem no direito de julgar, ser árbitros, condenar. Uma época em que simples denúncias nas redes sociais geram punições, demissões e, com frequência, linchamentos na mídia (…). Não decido sobre a culpa desses homens, já que não sou qualificada para tanto. E poucos são”.
Sobre o tema, que chamou de “perigo das limpezas nas artes”, Deneuve foi além. “Vão queimar Sade? Classificar Leonardo Da Vinci como artista pedófilo? Tirar os Gauguins dos museus? Destruir os desenhos de Egon Schiele? Proibir os discos de Phil Spector? Este clima de censura me deixa sem voz e preocupada com o futuro de nossas sociedades”, explicou a atriz de 74 anos na nova carta aberta, antes de lembrar que foi uma das 343 feministas que divulgaram um manifesto em 1971 se declarando a favor do aborto. (Por Anderson Antunes)
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