O ano vai começar conturbado com a definição do afastamento do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), em fevereiro, e os novos trâmites do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Mas, além disso, há mais polêmica à vista. Os parlamentares mais progressistas vão pressionar para que Cunha coloque em pauta a votação do projeto batizado de “Estatuto das Famílias do Século 21”, de autoria do deputado e ex-ministro Orlando Silva (PC do B-SP).
O projeto tem apenas três artigos e prevê que “são reconhecidas como famílias todas as formas de união entre duas ou mais pessoas que para este fim se constituam e que se baseiem no amor, na socioafetividade, independentemente de consanguinidade, gênero, orientação sexual, nacionalidade, credo ou raça, incluindo seus filhos ou pessoas que assim sejam consideradas”. E cabe ao poder público reconhecer formalmente essas constituições familiares e lhes garantir os direitos básicos previstos na Constituição.
O relator do texto é o deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ), homossexual assumido e parlamentar extremamente atuante. Um dos mais brigões e contestadores do poder de Eduardo Cunha.
*
O projeto é um claro contraponto ao Estatuto da Família, que começou a tramitar em 2013 e conta com o apoio de parlamentares conservadores, da bancada evangélica e parte de católicos. Por esse projeto, “define-se entidade familiar como o núcleo social formado a partir da união entre um homem e uma mulher, por meio de casamento ou união estável, ou ainda por comunidade formada por qualquer dos pais e seus descendentes”.
Deputados do PSOL e do PT protocolaram recurso à Mesa Diretora da Câmara, em novembro, para que este texto polêmico seja votado em plenário antes de ser enviado ao Senado. O embate promete esquentar ainda mais 2016. (Por Malu Delgado)
- Neste artigo:
- estatuto,
- familia,
- Jean Wyllys,
- PSOL,