Praticamente despida. Sem banda, sem trio e sem grandes aparatos cênicos, Daniela Mercury se apresenta pela primeira vez em sua carreira em um show só voz e violão. “Daniela Mercury, A Voz e o Violão”, que estreia no próximo dia 31, no Teatro Safra, em São Paulo, vai trazer uma combinação de músicas de seus 16 álbuns, além de algumas inéditas. Mas para quem está esperando por um show comportado, doce engano. A cantora avisa que não vai ficar um minuto sentada. À entrevista.
Por Denise Meira do Amaral
Glamurama – Seus shows sempre são um grande espetáculo. Como vai ser estar só no palco, com apenas um violão?
Daniela Mercury – “Sem dúvida me despir de tantas percussões, de tantos músicos é um desafio. Principalmente para um artista que a marca é o grande palco, a dança, o trabalho cênico. Mas achei que era um momento interessante para que as pessoas ouvissem as canções que fazem parte do meu universo só com voz e violão. Mas não é porque é só voz e violão que vai ser lento. Vai ser cheio de dinâmicas musicais, samba, reggaes, o Ilê e o Olodum vão estar representados no violão. Vai ser um axé acústico, um afro axé. Essa é a grande dificuldade, de trazer os ritmos mais vibrantes para o violão.”
Glamurama – Por que sentiu essa necessidade de se despir de tudo?
Daniela Mercury – “Sinto que as pessoas recebem muito bem minhas baladas, mas acho que era a hora de valorizar a voz, e também de aceitar um desafio. Adoro me reinventar. Comemoro 50 anos neste mês e pensei que era um momento ótimo para inventar algo inusitado para comemorar meu aniversário (risos).”
Glamurama – Quais músicas vão fazer parte do show?
Daniela Mercury – “Vou apresentar três no novo disco, “De Deus, de Aláh”, que eu fiz em homenagem ao Gilberto Gil, uma que está sem batismo ainda [sem nome] e que fala que a música é a minha religião: Meu dogma é a melodia, heresia não ter coração, pecado é não ter poesia, batucada, voz e violão [cantarola]. E a terceira, que se chama “Três Vozes”, uma música que fala dos tempos de menina. Eu vou falando aqui e já estou com vontade de colocar até mais do disco novo (risos). Me dei ao luxo de colocar também as mais antigas, como “Nobre Vagabundo” e “O Canto da Cidade”. Vai ser muito interessante, porque em um show minimalista vai dar para perceber melhor a melodia, a letra. Vai ser um outro olhar sobre o axé.”
Glamurama – Você vai ficar sentada no show?
Daniela Mercury – “De jeito nenhum! Não consigo me comportar. O show vai ter intervenções de efeito, ele não está nada comportado. O violão tem momentos que vira guitarra de blues, outros de música eletrônica. Eu sou da invenção, por mais que eu visite a tradição, eu a transgrido. Não sei ser cordeirinha, sou urbana, cheia de influências. No show, sou eu, Alex, a iluminação, o figurino e a minha alma inquieta.”
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O músico responsável por dividir o palco com Daniela é o instrumentista Alex Mesquita, oriundo do universo do samba de roda.
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Daniela vai usar looks coloridos no show, escolhidos pelo stylist Eduardo Suppes. “Vão ser vestidos longos estampados africanos. Tinha que ser longo para eu poder dançar e estampados para dar alegria. Vou estar vestida de afro. De rainha do axé e seu violão (risos)”.
“Daniela Mercury, A Voz e o Violão”
Onde: Teatro Safra São Paulo
Quando: 31 de julho e 1 de agosto, às 21h30 e 2 de agosto, às 20h00
Ingressos: www.compreingressos.com
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