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Por Verrô Campos

Ele nasceu na Vila Ruth, comunidade da Baixada Fluminense, passou pelo Morro do Vidigal, onde trabalhou em montagens com a ONG Nós do Morro, para depois participar do reality show “Ídolos”, no qual ficou entre os finalistas. Mas foi em uma audição para a montagem brasileira de “O Rei Leão” que Tiago Barbosa fez Julie Taymor, criadora do musical, chorar com sua performance. Ela lhe deu um abraço emocionado e o chamou na mesma hora de “Simba”, para depois gritar aos quatro ventos que “ele é o melhor Simba do mundo”. Glamurama conversou com Tiago nos bastidores do espetáculo, momentos antes de mais uma apresentação.

Como foi ser escolhido por Julie Taymor? Faz um ano. Foi incrível, era o último momento de teste, confesso que não estava mais nervoso e nem tão confiante assim. Na verdade eu queria passar um recado com a canção “Endless Night”, o lamento do Simba, o momento em que a ficha dele cai e ele percebe que precisa voltar para casa. E, naquele dia, cantar essa música e receber o abraço da Julie Taymor foi algo incrível, não imaginava que seria daquele jeito, daquela forma, quando ela me chamou de Simba.

Deu para entender o que ela quis dizer na mesma hora? (risos) A ficha demorou um pouco para cair, mas eu senti que o ambiente estava diferente, que de alguma forma aquela música se transformou em palavra e tocou alguém que estava ali sentado e este alguém foi ela. E quando ela levantou, me deu um abraço e me chamou de Simba, eu chorei demais. Foi muito bonito, uma missão cumprida. Me emociona até hoje, vejo que valeu cada esforço para chegar até aqui.

Fazer o musical hoje é matar um leão por dia? Na verdade vários leões por dia! Ficamos dois meses e meio ensaiando muito antes da estreia, dez horas por dia, para alcançar esta estrutura. Minha preparação inclui musculação todo dia e dieta alimentar para não perder peso, porque transpiro muito no palco. O Simba é um personagem que salta, de explosão. Além disso, temos todos uma preparação vocal, nossa maestrina cuida muito bem disso. Tem também o diretor de dança, que sempre ensaia conosco. É uma grande equipe para que todos os dias este padrão seja alcançado. Não tem essa de missão cumprida e vamos fazer mais um espetáculo, o compromisso diário é fazer com que essa história seja emocionante.

São João de Meriti é onde você nasceu e cresceu, mas você também tem uma história com o Vidigal. Como é essa relação? Eu fui para o Vidigal mais velho, com o objetivo de fazer parte do Nós do Morro, uma ONG que faz um trabalho sensacional. Eles estavam montando um espetáculo chamado “Bandeira de Retalhos”, e fui convidado para fazer a preparação vocal dos atores. O trabalho é muito bacana com a comunidade e hoje gera muito resultado.

Você estudava fonoaudiologia. Pretende se formar? Sim, faltam dois períodos para eu me formar e quero muito, mas agora estou aqui, vivendo esta selva, a savana. Porque aqui é de corpo e alma, ou você mergulha ou não mergulha, fica à margem do rio.

Alguns atores do Nós do Morro atuaram no filme “Cidade de Deus”. Está prevista a montagem do musical “Cidade de Deus”. Você se imagina nesse musical? Estou vivendo um dia de cada vez, visto 100% a camisa de “O Rei Leão”. Estou muito aberto a tudo que vier, não dispenso nada, quero continuar trabalhando com teatro musical, não dispenso convite de TV e cinema, mas hoje me encontrei muito cantando, dançando e atuando. Se vier esse musical [“Cidade de Deus”], eu vou ficar muito feliz. A minha vida toda foi criada dentro da favela, sou da Vila Ruth, com todo respeito e amor à minha comunidade. Meus pais moram nessa favela. Mas hoje meu maior compromisso é com “O Rei Leão”, um divisor de águas na minha carreira.

Você já foi à Broadway em Nova York? Ainda não. Vou falar mais uma vez: AINDA não. Minhas férias serão na Europa e vou assistir às montagens de “O Rei Leão” em Madri e em Londres, mas eu quero muito ir à Broadway, andar pela Broadway, sentir o cheiro da Broadway e ser convidado pela Broadway… (risos)

É um sonho? Participar de uma montagem na Broadway? É um sonho, faz parte do meu sonho. Na verdade eu não fecho nenhuma porta, tenho um compromisso com a arte; ponto.

*A temporada 2013 de “O Rei Leão” termina em dezembro, retornando em janeiro de 2014. Mas o Glamurama convida, nesta quinta-feira, uma plateia de 200 glamurettes para assistir e celebrar, com um cocktail,  a 300ª apresentação de “O Rei Leão” em São Paulo.

Assista ao vídeo que Tiago Barbosa fez com exclusividade para o Glamurama nos bastidores de “O Rei Leão”.

 

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