Stefano Seletti está em São Paulo a convite da Firma Casa para apresentar, durante a DW! Design Weekend – que acontece até este sábado na cidade -, os novos produtos da Seletti, empresa de design criada na década de 60 por seu pai, Romano Seletti, na província de Mântua, no norte da Itália. Além de representar a nova geração da empresa familiar, ele é o responsável por levar uma energia nova ao negócio e mostrá-lo para o mundo, principalmente com os pratos e louças divertidas da marca. “No começo, os designers renomados não queriam trabalhar comigo porque a Seletti era muito básica, diferente das outras marcas famosas de design. Não era legal trabalhar com ela”. Contou o empresário ao Glamurama sobre sua missão de conquistar, desde os 17 anos, o gosto apurado dos consumidores de design sem perder a essência democrática da marca.
Ao contrário do que prega o “Made in Italy”, a empresa representa uma unanimidade no mercado italiano por produzir na China desde o início de sua história, quando a prática tinha fama de má qualidade.”Meu pai foi um pioneiro a identificar a mão de obra qualificada e barata da China. Hoje até nossos iPhones levam o ‘Made in China’, diz o designer sacando seu telefone do bolso.
Casado há 15 anos com uma brasileira e pai de duas filhas mezzo brasileiras, mezzo italianas, Pietra e Mariá, Stefano tem uma relação próxima do país, e se vira muito bem no português, “obrigado”. Sonia Diniz Bernardini, proprietária da Firma Casa, foi uma das primeiras pessoas no mundo a apostar na marca, há 8 anos. Abaixo, a entrevista com o empresário. (Por Julia Moura)
Glamurama: A sua empresa defende a ideia de que o design é para todos. O mercado já absorveu essa essência democrática?
Stefano Seletti:“Em partes. Meu sonho é alcançar um tipo de economia que o consumidor não se limite a comprar apenas o que possa pagar, mas sim o que gosta. As escolhas deveriam ser intelectuais, e não econômicas. Na Collete, em Paris, que na minha opinião é uma das lojas mais incríveis do mundo, consigo vender meus pratos a 12 euros (cerca de R$46), e acho isso incrível! Já no Brasil, eu não consigo fazer isso. Aliás, este é o único país do mundo onde não consigo oferecer meu preço”.
Glamurama: Como acontece a seleção de peças criadas a cada coleção?
Stefano Seletti: “Tenho a sorte de receber em torno de cinco novos projetos diariamente, de designers do mundo inteiro. Analiso todos, e seleciono alguns. Quando eu não gosto de algo, eu nunca dou uma resposta negativa. Tento encontrar a melhor forma de negá-los. Quando estou mau humorado, não analiso, porque é a maior fortuna que eu posso ter. Acho que a beleza pode estar em qualquer coisa, inclusive em objetos comuns. A coisa mais interessante é aplicar estética em objetos banais. Já tivemos até escovinha de privada com design legal”.
Glamurama: A Seletti é responsável por hypar os pratos de porcelana, graças às peças divertidas da linha Seletti wears Toiletpaper. Por que servir as refeições em uma louça mais bonita ou divertida?
Stefano Seletti: “Em uma casa, servir a comida em um prato bonito, significa melhorar a qualidade de vida. Acredito que é partindo de coisas básicas como esta que a vida pode melhorar. São produtos perfeitos para ‘start a conversation’, como dizemos no métier do design. Como quando você vai à casa de um amigo, e ele te serve a comida em um prato lindo, e a partir dele surge uma conversa”.
Glamurama: Você gosta da ideia de ver seus pratos usados nas paredes, como decoração?
Stefano Seletti: “Acho que é interessante, porque remete à memória das pessoas”.
Glamurama: Qual dica você daria para quem deseja decorar a casa com seus pratos?
Stefano Seletti: “Acho que cada prato deve ter uma história. Na minha casa por exemplo, além dos pratos que vendo, tenho um prato da minha vó, outro da minha mulher, e por aí vai”.
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