Com a mesma desenvoltura, ele é capaz de convencer no papel de um hétero machista, de uma mulher rica ou de uma mãe transgênero. De sangue quente, admite ser tempestuoso, mas não perde o bom humor mesmo quando o assunto envolve limites. Nascido no interior da Bahia, se divide entre o seriado “Mister Brau”, da Globo, e a peça “7 Conto” – em que interpreta sete personagens. No papo com a revista J.P de agosto, o ator Luis Miranda fala sobre a vigília do politicamente correto e revela para quem faria um show particular.
J.P: Qual é o seu lado feminino?
Luis Miranda: A minha bunda. Já levei várias cantadas por causa dela. Fiz balé e ainda tenho lordose, então ela é acentuada.
J.P: O que te faz rir?
Luis Miranda: O povo na rua é maravilhoso, debochado e caricato. Ainda mais o pobre.
J.P: Um talento escondido?
Luis Miranda: Talvez exista, mas tenho de descobrir o que é, pois tento ganhar dinheiro com meus talentos.
J.P: Para quem faria um show particular?
Luis Miranda: Fernanda Montenegro. Ia caprichar muito e aproveitar para me exibir com todos os meus personagens.
J.P: O que faria se não fosse ator?
Luis Miranda: Seria chef de cozinha, adoro cozinhar, pena que não tenho tempo.
J.P: Tem alguma mania?
Luis Miranda: Tenho, compro comida em todos os lugares que vou. Muitas vezes nem como, acaba perdendo a validade.
J.P: Qual seria sua última refeição?
Luis Miranda: Caruru completo.
J.P: Sua melhor memória?
Luis Miranda: Quando era mais jovem, nas festas de São João, eu tirava onda do meu tio Ataíde. Ele sempre comprava um chapéu novo para a ocasião e quando vacilava, eu roubava e colocava uma bomba dentro para voar. Ele ficava puto e a gente se divertia.
J.P: Qual é a sua extravagância?
Luis Miranda: Às vezes compro muita roupa. Você tá lá meio deprimido, aí o preço está barato… Comprar acaba com a inhaca.
J.P: Qual foi a última coisa que você comprou?
Luis Miranda: Paguei R$ 130 em um blazer incrível. Quer me agradar, me compra uma coisa barata.
J.P: Algo deplorável em você?
Luis Miranda: Às vezes sou muito tempestuoso.
J.P: E o que tem de admirável?
Luis Miranda: Generosidade. Minha mãe fala que eu preciso ser mais controlado, que não posso ficar agradando todo mundo.
J.P: Qual é a parte chata do seu trabalho?
Luis Miranda: Bater o cartão. Mesmo a minha peça – que faço quando quero –, tem hora para começar, tem de vender ingresso, acompanhar tudo de perto. Se não fosse o compromisso seria mais prazeroso.
J.P: Qual é a frase que você mais usa?
Luis Miranda: “Vamos lá”.
J.P: O chato do politicamente correto?
Luis Miranda: A patrulha do certo e do errado, não existe isso.
J.P: E o lado bom?
Luis Miranda: Nada, porque ele é sempre o que o outro vê, e nunca o real. Aquilo que é correto para mim pode não ser para você.
J.P: O melhor personagem?
Luis Miranda: A Sheila, do espetáculo “Terça Insana”. Ela é uma mulher rica e bagaceira. Vai na crueldade da riqueza e, apesar de refinada, fala a verdade debochando do próprio dinheiro.
J.P: O humor tem limite?
Luis Miranda: Tem: é aquilo que não gostaria que o outro fizesse com você.
J.P: Do que fala no divã?
Luis Miranda: Dos meus medos. Não sobre o medo de morrer, mas de dar trabalho, de doença, de acidente, de dor, de sofrimento e de perder alguém que amo.
J.P: Sem gênero ou transgênero?
Luis Miranda: Transgênero, sempre. Eles podem tudo.
J.P: De quem você gosta de debochar?
Luis Miranda: Da Dani Calabresa. Ela é a melhor imitadora e consegue fazer isso com qualquer pessoa. Eu também imito, mas gosto de colocar uma lente de aumento, recriar.
J.P: O melhor humorista?
Luis Miranda: Jerry Lewis, ele era genial. Fazia rir em personagens extremos: do galã ao escroto. E ainda tinha as suas caretas, algo que não acontece mais no humor. No Brasil é o Chico Anysio.
J.P: Qual é o seu sonho?
Luis Miranda: Ser uma pessoa normal com uma vida normal.
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