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O cantor lança hoje música em parceria com Orishas e Mauro Bautista / Crédito: Instagram
Projota lança música em parceria com Orishas e Mauro Bautista / Crédito: Instagram

Projota é um dos grandes nomes do rap brasileiro, mas para chegar até aqui, precisou ralar e superar muitos obstáculos. Normal para quem nasceu e foi criado na periferia de São Paulo. Prestes a lançar sua primeira parceria internacional, ao lado dos Orishas (banda ícone do hip hop cubano) e Mario Bautista (jovem talento mexicano), o cantor e compositor paulistano está dando um novo e importante passo na carreira. “Quando compus ‘Qué Pasa’ já imaginava os Orishas no refrão por conta do timbre. Sabia que tinha que ser eles, então começamos a ir atrás e eles aceitaram logo de cara, mas também queria alguém mais jovem nessa parceria. Foi aí que encontrei o trabalho do Mario Bautista e tudo casou perfeitamente”, conta ele.

Com um pezinho no México, Projota revela que o Brasil será sempre a sua prioridade: “No momento, estou construindo uma relação muito bacana com o México, pavimentando o caminho, mas só Deus sabe até onde isso pode me levar. Antes de tudo, o Brasil”. José Tiago Sabino Pereira na certidão de nascimento, o rapper de 33 anos também arrisca participações pontuais como ator, como no caso de ‘Ninguém Tá Olhando’, série da Netflix estrelada pela atriz e influencer Kéfera, com estreia prevista para 22 de novembro.

Política sempre esteve entre os assuntos abordados por Projota, desde a adolescência. E ele garante que esse interesse não se restringe apenas ao atual momento político. “Quando você é da periferia, não existe momento, sempre é difícil”, explica. Na vida pessoal, tudo lindo. Recentemente, o rapper anunciou que vai ser pai de uma menina, fruto de seu casamento com a influencer Tamy Contro, e esse é mais um dos motivos, provavelmente o maior de todos, para comemorar: “É só alegria”. Confira o bate papo exclusivo de Glamurama com Projota:

Glamurama: ‘Qué Pasa’ é seu primeiro lançamento internacional. Como surgiu essa parceria?
Projota: A música me levou até isso, aconteceu de forma natural. Quando compus ‘Que Pasá’ já imaginava os Orishas no refrão por conta do timbre. Sabia que tinha que ser eles, então começamos a ir atrás e eles aceitaram logo de cara, mas eu também queria alguém mais jovem nessa parceria. Foi aí que encontrei o trabalho do Mario Bautista e tudo casou perfeitamente. Ele é mexicano e conhecia meu trabalho por causa da noiva, que é brasileira. Conversamos e deu certo. O resultado ficou incrível.

G: Já era fã dos Orishas antes de trabalhar com eles?
PJ: Sim, muito fã. No início dos anos 2000 eles lançaram um álbum que estourou (‘Emigrante’) e fiquei vidrado, principalmente porque eles são um grupo de rap cubano que ganhou o mundo, e eu ainda estava começando a carreira. Hoje é engraçado saber que, além de fã, me tornei amigo deles.

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G: O lançamento está perto de acontecer, quais são as expectativas?
PJ: Faço o possível para não criar expectativas. Claro que atualmente tenho profissionais que trabalham na divulgação do meu trabalho, e esperamos que as pessoas gostem. Mas o jeito como faço música hoje é igual como fazia 15 anos atrás: faço porque gosto, e o que vier, é lucro.

G: A ideia agora é investir na carreira internacional?
PJ: Estou sempre compondo e já tenho músicas nessa pegada. No momento, estou construindo uma relação muito bacana com o México, pavimentando o caminho, mas só Deus sabe até onde isso pode me levar. Antes de tudo, o Brasil. Minha carreira aqui é extremamente importante.

G: Você é um dos rappers que mais conseguiu destaque com públicos diversos. Essa sempre foi sua intenção ou “aconteceu”?
PJ: Simplesmente aconteceu. Quando comecei a jogar as minhas músicas na internet, nem imaginava que chegaria até aqui. Era tudo muito segmentado, mas hoje os jovens tem a cabeça mais aberta. Eles não se limitam a um estilo musical, escutam rock, funk, rap, pop… tudo misturado. Desde adolescente eu sabia compor, cantar e rimar, mas o caminho é muito incerto. Acredito que o fato de gostar de variados estilos ajudou nessa identificação do público.

G: No Rock in Rio você fez um show com viés bastante político. Qual a importância dos artistas se posicionarem em um momento como o que vivemos atualmente?
PJ: Para mim não existe isso de ‘um momento como esse’. Quando você é da periferia, não existe momento, sempre é difícil. Canto sobre isso desde que comecei, por influência das músicas que escutava. Mas, de qualquer forma, é crucial ter alguém que fale sobre política, em especial em festivais grandes como o Rock in Rio, que atinge grande número de pessoas, inclusive pela televisão. Em um palco daquele tamanho, nós temos que falar.

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G: A música, em especial o rap, é uma forma de protesto que pode ajudar a conscientizar as pessoas?
PJ: Por experiência própria, digo que sim. Quando eu tinha 15 anos, comecei a fazer rap com a ideia de mudar o mundo, e o que me inspirava era o som de artistas como Racionais, Gabriel O Pensador, que cantavam e ainda cantam sobre temas sérios. Isso mexeu comigo. A música tem esse poder e é isso que quero levar adiante.

G: A música ‘Sr. Presidente’ é uma carta direta à política brasileira. Você sofreu algum tipo de retaliação ou censura? 
PJ: Fiz essa música para ser tocada nas rádios, era esse o pensamento, e ela não foi, ao contrário de ‘O Homem Que Não Tinha Nada’, que estava em todos os lugares. Então, a censura está aí, mesmo que velada. Mas, ao mesmo tempo, a internet também existe e conseguimos levar nossa mensagem para todos os lugares. A internet faz o que as outras mídias, às vezes, se recusam em fazer.

G: Qual aprendizado conquistou desde o início da sua carreira?
PJ: Acreditar em mim mesmo, por mais que as dificuldades pareçam grandes demais. Nunca deixei de sonhar, mesmo quando não tinha grana, mesmo quando morava em uma zona de risco, que foi onde eu cresci, e por mais que eu tivesse perdido minha mãe. Além disso, o rap sofria bastante preconceito, cada hora era uma barreira. O que fica mesmo é saborear a vida a cada degrau dessa escada.

Cenas do novo clipe de Projota, ‘Qué Pasa’ // Divulgação

G: Quais artistas tem escutado atualmente? 
PJ: Muito Post Malone, Drake, mas aqui no Brasil temos uma nova geração muito especial. Djonga é um deles. Acredito que, a partir de agora, não vai parar de surgir rappers novos.

G: Você anunciou que vai ser pai. O que mudou na sua vida desde a descoberta da gravidez?
PJ: Ah, é só alegria. Na fase em que estamos, o que mudou é que aumentou nossa felicidade, nos sentimos completos. Atualmente, a bebê está do tamanho de uma espiga de milho e aproveitamos cada momento. Quando ela nascer, o que está previsto para fevereiro, vai ser incrível. Estamos aguardando muito por isso!

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G: Com tanto trabalho, tem conseguido curtir esse momento ao lado da sua mulher?
PJ: Sempre busquei equilibrar as coisas. Tenho que trabalhar e me esforçar, mas tenho que estar ao lado da minha mulher, da minha família e amigos. Como compositor, preciso viver. Só canto o que sinto na pele. Quando você se foca apenas no trabalho e esquece da vida pessoal, acaba se perdendo em vícios para suprir essa falta de tempo. E saúde mental pra mim é tão importante quanto a saúde física.

G: Qual ensinamento quer deixar para a sua filha?
PJ: Essa é uma grande pergunta. Quando você começa a pensar no futuro, não sabe nem se vai existir planeta Terra daqui 30 anos. Olha só como estamos tratando o local em que vivemos. Mas quero que ela seja um ser humano com muito respeito, que corra atrás dos seus sonhos, que não se acomode. (por Jaquelini Cornachioni)

Dá o play para conferir Qué Pasa:

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