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O cineasta, diretor e roteirista Luiz Fernando Carvalho ficou conhecido pela longa trajetória na TV, mas também por sua paixão pela literatura e a competência em adaptar – ou nas palavras dele, transfigurar – inúmeros romances para as telas com intuito de formar “consciência de quem somos”

por Aline Vessoni para revista PODER

Enquanto muita gente sonhava com férias em Nova York, Taiti ou Paris, Luiz Fernando Carvalho contava os dias para se embrenhar pelo sertão pernambucano e conhecer os mestres do Cavalo-Marinho para absorver toda a dramaturgia existente na cultura popular. Transferiu com maestria a genialidade do povo para a televisão, vide ‘Hoje É Dia de Maria’, minissérie derivada de contos tradicionais e repetidos por indígenas, negros, ibéricos, “as raças fundadoras da nossa cultura”. “Trata-se de algo que não cessa. Agora, com a vinda de refugiados, chegam histórias que vão se misturar às nossas. Um movimento rico e belíssimo de dramaturgia.” Quase sempre na contramão, esquivando-se das narrativas óbvias, Carvalho construiu uma trajetória na TV brasileira marcada por rupturas e sempre sentiu-se tentado a voltar por acreditar em um propósito educacional para sua arte. “No meu modo de sentir, sempre acreditei que as TVs abertas como concessões públicas deveriam pegar para si uma missão maior, de formar cidadãos, por isso todos os meus projetos tinham um forte substrato ligando educação à estética.” Uma ópera em um meio popular: unir a baixa à alta cultura é sua forma de mostrar um cabedal artístico ao homem comum e simples, que nunca saiu do Brasil ou foi a um grande museu, “através dos sentidos de uma narrativa que lhe está sendo proposta como um modo diferente de olhar as coisas”. Para Luiz Fernando Carvalho, propor isso em canal aberto “é sinônimo de resistência, quase revolucionário se partirmos do pressuposto de que o mercado só reverencia consagrações imediatas”. Ele confessa que, embora não veja muita diferença em seu processo criativo, seja na TV ou como cineasta, estava sentindo saudades de si mesmo.

UM ESCRITOR: Fiódor Dostoiévski

UM CONTO: “Amor”, de Clarice Lispector

QUEM VOCÊ GOSTARIA DE “TRANSFIGURAR”?: Transfigurar é se deixar atravessar! Guimarães Rosa? Faulkner? Cortázar? Graciliano? Kafka? Borges? Pessoa? Camus? Drummond? Woolf? Gide? Roth?… Impossível responder

UMA TRANSFIGURAÇÃO: Adélia Prado

UM FILME: Viver a Vida, do Godard

UM FOTÓGRAFO: Vivian Maier

UM ARTISTA: Dimitris Papaioannou

UM DIRETOR: Jean-Pierre e Luc Dardenne

UMA ATRIZ: Liv Ullmann

UM(A) AMIGO(A): Juliana Carneiro da Cunha

UM “MESTRE”: Ariano Suassuna

UMA MÚSICA: “Adagietto”, da 5ª Sinfonia de Gustav Mahler

UMA BANDA: Fanfare Ciocarlia UM LUGAR: Palmira, deserto da Síria UMA PALAVRA: Salve!

UMA LEMBRANÇA: o primeiro take a gente nunca esquece

SUA MELHOR COMPANHIA: sempre o amor O

QUE NÃO PODE FALTAR NO SEU SET? o acaso

UM ATOR: Irandhir Santos

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